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Comentário Suíno

Estratégia ou falta de representatividade - Por Wolmir de Souza

Artigo comenta o contraditório relacionamento entre a representatividade econômica e social da suinocultura e o espaço em que ela ocupa no cenário político, público e no de representação.

Fico me questionando e intrigado sobre o contraditório relacionamento entre a representatividade econômica e social da suinocultura e o espaço em que ela ocupa no cenário político, público e de representação.

Não consigo entender, ou, entendo e não admito que as principais enfermidades em graus de periculosidade acontecem primeiramente nos bovinos e quem perde mercado são os suínos.

O grande trabalho de erradicação e controle da aftosa, por exemplo, se dá prioritariamente nos bovinos sendo que o foco mercadológico é para os suínos. Grandes feiras regionais, estaduais ou nacional têm como centro das atenções as amostras, leilões e comercialização de bovinos. Os suínos estão sendo banidos dos parques de exposição e, a partir disso, o pavilhão da suinocultura (sem a presença dos animais é claro) – se existe – é o ultimo, o menor, o mais longe.

Sabemos que existe aí uma questão cultural, tradição em consumir carne bovina sendo que a carne mais consumida no mundo é suína. No entanto, mesmo com todo o esforço em buscar o aumento do consumo no País, o resultado ainda é pequeno. Por mais que se busque inserir a carne suína na merenda escolar, através de programas de governo, o resultado é sempre muito tímido.

Agravante- Um parlamentar de um grande Estado produtor de suínos consegue trânsito na câmara federal com um projeto de lei (PL 767/2011) para rotular produtos feitos à base ou que contenham carne suína – como se tivesse algum risco à saúde humana, mesmo que profissionais da área da saúde testemunhem o contrario. A carne suína é a carne mais consumida nos países tido como desenvolvidos.

Confesso que como produtor e liderança, me sinto como se produzisse ou representasse um setor que produz algo prejudicial à saúde humana, com todo respeito com nossos irmãos agricultores, igualmente sofridos e que merecem nosso respeito. Mas produzem tabaco, publicamente conhecido como prejudicial à saúde humana e talvez tenham mais renda e representatividade do que nós-  que produzimos alimento e riqueza para o mundo. 

Afinal, onde queremos chegar? A quem interessa esta morte silenciosa que acontece em nosso setor sem o mínimo de reação? Qual a razão do extermínio dos eventos com amostra de animais, a premiação dos produtores através do melhoramento genético dos animais, dos leilões tradicionais em alguns estados? De que adianta viajar o mundo mostrando nosso potencial econômico e sanitário se nem mesmo nosso povo conhece desta forma? Como falamos de segurança sanitária se levamos todas as espécies de animais em eventos menos os suínos?

O que somos na verdade? Heróis que sustentam o PIB catarinense e somos o fiel da balança nas exportações e na economia nacional ou os vilões que poluem e que para muitos representamos risco sanitário e econômico e para outros desinformados, risco a saúde humana?

Tudo isso depende de nós – ou mostramos a cara com orgulho ou morremos em silêncio e seremos massacrados por quem ganha com nosso trabalho e falta de atitude. Alguém ganha com isso, QUEM?

Wolmir de Souza, presidente do Instituto Nacional da Carne Suína (INCS)