Pesquisadores do Centro para Pesquisas Florestais Internacionais (CIFOR, em inglês) alertaram que os padrões voluntários para biocombustíveis devem lidar mais explicitamente com problemas ligados ao desenvolvimento de novos plantios, se o objetivo deles for classificar os produtos como “ambientalmente sustentáveis”.
Uma pesquisa conduzida pelo CIFOR com seis das principais certificações revelou que nenhuma delas conseguiu identificar quais tipos de terras degradadas podem ser usadas para novos plantios e como estes podem aumentar a disputa pela terra para agricultura e causar indiretamente desmatamento em áreas vizinhas.
“Todos os padrões dizem que não se deve desmatar para plantar novos cultivos de biocombustíveis, mas ainda não são claros sobre como exatamente fazer isto”, enfatizou o cientista do CIFOR e autor principal do relatório Manel Guariguata.
Ele completou que os padrões são fracos na contabilização das emissões de gases do efeito estufa e perda de florestas se as atividades agrícolas ou pecuárias forem deslocadas para áreas virgens devido à expansão dos biocombustíveis. Além disso, a definição de área “degradada” é subjetiva, ressalta.
Os países precisarão estabelecer regras obrigatórias em complemento aos esquemas voluntários, ponderou Guariguata.
Em “Uma revisão das questões ambientais no contexto de protocolos de sustentabilidade para biocombustíveis”, os pesquisadores analisaram os padrões de certificação atualmente exigidos pela Diretiva de Energias Renováveis da União Europeia, Iniciativa para uma Cana-de-açúcar Melhor e pelas Mesas Redondas sobre Biocombustíveis Sustentáveis, Óleo de Palma Sustentável e Associação da Soja Responsável.
Como estes padrões são relativamente novos, Guariguata disse que ainda é cedo para analisar objetivamente a sua efetividade na manutenção da integridade ambiental, sendo necessário mais pesquisas e informações.
Eles também revisaram os padrões do Forest Stewardship Council aplicados para a produção de biocombustíveis de biomassa florestal.