As exportações de carne bovina e suína dos Estados Unidos apresentam ritmo recorde neste ano, enquanto a demanda interna se recupera com força surpreendente, indicando que mesmo um lento crescimento na economia global e o elevado desemprego no país não prejudicaram o apetite por carnes. Segundo reportagem do Wall Street Journal, o desejo dos consumidores por carne ajudou a manter elevados os preços futuros do gado neste ano, mesmo que outras commodities tenham recuado fortemente.
A firme demanda também puxou os preços domésticos no varejo de muitos produtos de carne bovina e suína nos últimos anos. O preço médio do bacon fatiado em setembro era de US$ 4,82 por libra (1 libra = 0,45 kg), o que representa elevação de 34% em dois anos. Os preços do boi vivo subiram 13% neste ano na Bolsa de Chicago, tornando o gado uma das poucas commodities, além do ouro, a subir dois dígitos em 2011. Os futuros do suíno magro avançaram 9% neste ano. Ambos os contratos de carnes também saltaram em 2010, avançando 26% e 22% respectivamente.
“Até o momento, não estamos vendo enfraquecer a demanda nos Estados Unidos ou as exportações”, disse o professor de economia agrícola da Ron Plain, da Universidade do Missouri.
Entre os consumidores dos Estados Unidos, o apetite por cortes melhores de carne parece especialmente forte. Nos últimos meses, aumentou a diferença de preço entre os cortes bovinos mais caros, vendidos tradicionalmente em restaurantes, e os cortes mais baratos, que costumam ser vendidos em supermercados, segundo Glynn Tonsor, professor de economia agrícola na Universidade do Estado do Kansas.
Os clientes que não podem pagar os preços altos estão simplesmente migrando para cortes mais baratos, em vez de optar por não comprar carne, disse Sal Biancardi, sócio da Biancardi Meats, no Bronx (NY). “Eles vão comer mais bife, vão comer mais carne moída.” Segundo Biancardi, a dieta dos norte-americanos deve continuar incluindo carnes. “Os americanos estão muito acostumados. Não dá para comer massa toda noite”, brincou.
Com preços elevados e exportações crescendo, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê que a produção de suínos do país aumentará 2% no ano que vem. Até o momento, a alta das carnes não está afastando os consumidores. Os Estados Unidos exportaram 862 mil toneladas de carne bovina neste ano, no acumulado até agosto, quase o mesmo volume de todo o ano de 2009.
As exportações de carne bovina estão perto de superar em 10% a máxima histórica de 1,13 milhão de toneladas, registrada em 2003, de acordo com o USDA. Já os embarques de suínos devem superar o recorde de 2008, de 2,13 milhões de toneladas. Até agosto, os Estados Unidos enviaram mais carne suína para o exterior do que em todo o ano de 2007 e duas vezes mais do que em 2002, totalizando 1,49 milhão de toneladas. As informações são da Dow Jones.