Uma colheita de grãos de produtividade mais baixa e com o cenário menos otimista para as margens de lucro dos agricultores – mas, ainda assim, positiva. É o que prevê a Tendências Consultoria Integrada para a safra 2011/12, cuja semeadura entra na etapa final.
Projeções da empresa confirmam que o grande destaque da temporada deverá ser o milho. Diferentemente da soja, carro-chefe do agronegócio nacional, que não deverá apresentar avanços consideráveis em relação a 2011/12, a área plantada com o cereal aumentou e a produção também deverá crescer, desde que o La Niña não provoque grandes prejuízos.
A ameaça de que o fenômeno climático afete as lavouras de grãos do sul da América do Sul, sobretudo de Brasil e Argentina, já vem oferecendo algum suporte às cotações internacionais tanto de milho quanto da soja nas últimas semanas. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a preocupação com o milho é crescente.
Levando em consideração as atuais estimativas para oferta e demanda, a Tendências prevê preços médios firmes para soja e milho nos mercados externo e doméstico em 2012. Para a soja em grão vendida no país, estima um aumento de 5,1%, para R$ 49,58 por saca de 60 quilos, em relação a este ano. Para o milho no mercado doméstico, projeta alta de 8,2%, para R$ 33,30 a saca.
“O cenário pode piorar um pouco em relação a 2011, mas o produtor está escaldado e 2012 deverá ser um ano positivo”, afirma Amaryllis Romano, economista da consultoria. Para o algodão, grande destaque da safra 2010/11 pelo aumento da produção e disparada dos preços, ela não descarta que os produtores brasileiros tenham problemas.
Amaryllis lembra que a commodity alcançou picos muito elevados no início deste ano e depois registrou forte recuo, ao mesmo tempo em que a concorrência das têxteis asiáticas aumentou. A piora se refletiu, por exemplo, na queda do volume de vendas antecipadas da safra que está sendo plantada.
Em geral, a Tendências prevê incremento de 0,3% na colheita de grãos. Projeta alta real de 2% do PIB da agropecuária em 2012, após salto de 3,2% em 2011. A renda da agricultura, conforme a consultoria, deverá subir 12,3% no ano que vem, para R$ 80,94 bilhões, e para a da pecuária a previsão é de crescimento de 2,8%, para R$ 20,05 bilhões.