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Comércio internacional

China versus EUA

OMC vê mais tensão entre China e EUA. Para organização, crescimento do volume de trocas entre os países acirra "guerra comercial".

business men looking out through Chinese flag
business men looking out through Chinese flag

A tensão comercial entre a China e os Estados Unidos tende a aumentar à medida que cresce o volume das trocas entre o maior exportador do mundo e o maior importador, na avaliação feita na Organização Mundial do Comércio (OMC). Na sexta-feira, Pequim anunciou a imposição de sobretaxa de 105,4% na importação de frango procedente dos EUA, sob acusação de dumping. A medida pode teoricamente beneficiar exportações brasileiras. Pouco antes, os chineses tomaram o rumo da OMC, denunciando a União Europeia (UE) por causa de sobretaxa aplicada aos calçados chineses que entram no mercado europeu.

A questão que se coloca na OMC não é sobre tensão entre os gigantes, mas como evitar uma guerra comercial devastadora que afetaria os outros parceiros. Os EUA e a União Europeia, ou EUA e Japão, historicamente têm sabido tratar seus confrontos dentro das regras do sistema multilateral.

A dúvida é se China vai atuar também assim, levando os casos aos juízes da OMC, ou se vai politizar as divergências e impor barreiras como retaliação, quando julgar que suas exportações sofrem restrições nos mercados dos EUA ou Europa. O maior exportador mundial de mercadorias é o mais afetado por protecionismo no comércio internacional, segundo o Global Trade Alert (GTA), um grupo de monitoramento de barreiras nas trocas globais.

Os chineses são alvo de 337 medidas, seguidos por União Europeia com 276, EUA com 213, Japão com 173, Coreia do Sul com 154, Tailândia com 142 e o Brasil com 136. As medidas vão de aumento de tarifas, subsídios à exportação, mais exigências de licença de importação e 20 outras restrições.

A China já detém 9% do comércio mundial, com exportações turbinadas por moeda desvalorizada, juros controlados pelo governo e baixo preço da energia. Isso provoca reações duras de parceiros, tanto industrializados como mais e mais em países em desenvolvimento. Nesse cenário, Pequim mostra os dentes e reage contra o que chama de protecionismo desleal. Até agora, alvejou basicamente americanos e europeus. A China e os EUA estão engajados numa uma série de conflitos comerciais envolvendo aço, frango, patentes, filmes. O Google ameaçou sair da China por causa de temores de censura. Vendas de armamentos para Taiwan também pioraram o clima bilateral.

O presidente Barack Obama, prometeu ser “mais duro” no reforço das regras no comércio com a China, e voltou a cobrar uma valorização do yuan. Os chineses reagiram logo depois, pedindo para os americanos serem “objetivos” e evitarem “erros” que levassem ao protecionismo.

O risco de maior tensão ocorre também porque a China evolui na sua integração no processo de produção internacional, reduzindo sua especialização em produtos de pouco valor agregado. Na verdade, as exportações chinesas são mais e mais parecidas com as feitas por países industrializados.

Estudos mostram que em 2005 somente 13% das mercadorias produzidas nos EUA, UE e Japão não eram fabricadas também pela China. Em 1996, o percentual era de 29%. De outro lado, o forte componente de importações nas exportações chinesas e o peso elevado das empresas estrangeiras nas vendas externas do país (60%) tenderiam a atenuar os riscos de uma guerra comercial.