A avicultura brasileira alcançou, nos últimos anos, níveis de produtividade e de ajuste na sua organização que a colocam como uma das mais competitivas do mundo. Um dos fatores para esse sucesso está fundamentado na estratégia de parceria ou integração entre agroindústrias e produtores. As empresas também efetuaram pesados investimentos na modernização dos processos da cadeia produtiva, assim como dedicaram especial atenção ao transporte das aves e armazenamento dos produtos. As questões relacionadas à logística, porém, merecem melhor atenção dos governantes, pois a deterioração e a falta de rodovias em condições de uso, além de uma estrutura portuária deficiente, se constituem fatores que ainda influenciam, negativamente, a competitividade do setor. O avanço da tecnologia permitiu à avicultura melhorar os principais índices técnicos, como a conversão alimentar, a idade de abate e a mortalidade do plantel. As aves são alimentadas à base de uma ração de milho e soja, matérias-primas que tiveram incrementos de produtividade, aumento das áreas de produção e considerável abertura de novas fronteiras. Isso provocou, por certo, o deslocamento da produção de tais commodities para outras regiões, principalmente o Centro-Oeste, onde passaram a ser produzidas em escala muito superior à da região Sul. Esse foi fator preponderante na instalação de unidades agroindustriais para o abate e processamento de aves na região central do País.
A avicultura brasileira – com sua excelência de produção, qualidade e sanidade – oferece mundo afora produtos que atendem às necessidades de praticidade e conveniência dos mais exigentes consumidores. Estes atributos fazem do Brasil o terceiro maior produtor e líder mundial – desde 2004 – nas exportações de carne de frango. Encerramos 2009 com embarques de 3,63 milhões de toneladas e receita de US$ 5,8 bilhões. O setor exportador de carne de frango foi impactado principalmente pela retração da economia mundial – devido à crise financeira internacional -, com a redução de preços e de encomendas de clientes importantes como Rússia, Japão e Venezuela, e pela valorização do real frente ao dólar americano. Além disso, o câmbio diminuiu drasticamente a competitividade do produto no mercado internacional e comprimiu sensivelmente a rentabilidade das empresas do setor.
Apesar dos problemas enfrentados, ainda estamos em situação privilegiada no que diz respeito aos índices das exportações do agronegócio – segundo lugar – assim como na pauta de exportações do País, quando atingimos a sexta colocação. É importante frisar que a cadeia produtiva de carne de frango brasileiro gera mais de quatro milhões de postos de trabalho em toda sua estrutura, incluindo mais de 250 mil empregos apenas em chão de fábrica de processamento, unindo, de forma inédita, o pequeno produtor rural familiar ao comércio mundial de alimentos.
Mesmo com os expressivos avanços experimentados pela avicultura brasileira, é importante ressaltar que o setor exportador de carne de frango foi impactado, principalmente, pela retração da economia global, em face da crise financeira mundial. O câmbio diminuiu drasticamente a competitividade do produto no mercado externo e comprimiu sensivelmente a rentabilidade das empresas do setor. Não obstante os enfrentamentos vivenciados pelo setor, podemos afirmar que as bases da cadeia produtiva da avicultura verde-amarela são sólidas e estão muito bem ajustadas à realidade, tanto do mercado nacional quanto da economia internacional.
Francisco Turra, Presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef) e ex-ministro da Agricultura.