Mais uma vez, o sojicultor brasileiro se vê diante da situação de encontrar tudo bem para dentro da porteira e amargar uma situação preocupante para o futuro da atividade nos próximos meses. Nas fazendas, as lavouras de soja apresentam ótimas condições. Apesar de problemas localizados com o excesso de chuvas nos Rio Grande do Sul, o país caminha para uma safra recorde, como mostrou na última quinta-feira a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A pergunta que o produtor se faz nesse momento é a que preço essa safra recorde vai ser comercializada.
O temor é que as cotações em Chicago continuem caindo e, por aqui, o real continue ganhando terreno do dólar. Esse, aliás, é um problema que os produtores terão mesmo que enfrentar, já que a safra 2009/10 foi plantada com o dólar em torno de R$ 1,90 e, hoje, a moeda norte-americana gira ao redor de R$ 1,75. Ou seja, mais uma vez, pode haver descompasso entre os custos de produção e os valores recebidos na comercialização.
Já a esperança é que, por algum motivo, como a reação do dólar, a firmeza das cotações em Chicago ou mesmo os prêmios aqui no Brasil, o preço da saca consiga repetir o desempenho do ano passado. Como mostra o gráfico abaixo, depois de bater no fundo do poço entre fevereiro e março, as indicações para o grão negociado no Brasil reagiram e subiram até meados de julho, proporcionando àqueles produtores que não haviam comercializado a produção antecipadamente preços em alta mesmo na boca de safra.