Mato Grosso deverá exportar, dentro de dois anos, 10 milhões de toneladas de soja via porto de Santarém (PA), de acordo com previsão divulgada nessa segunda-feira (18/01) pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja). Este volume representa incremento de 1.150% em relação ao que se exporta atualmente pelo porto (cerca de 800 mil toneladas). Considerando a projeção de safra para esta temporada, de pouco mais de 18 milhões de toneladas, Santarém estaria exportando 55% da produção total do grão mato-grossense.
A projeção foi feita com base na ampliação do porto de Santarém, que tem capacidade atual para exportar apenas 2 milhões de toneladas, e na conclusão da pavimentação da rodovia Cuiabá-Santarém, a BR-163, até dezembro de 2011.
Segundo o diretor administrativo da Aprosoja, Carlos Favaro, resta ainda um trecho de aproximadamente 900 quilômetros para a conclusão do asfalto ligando Mato Grosso ao Pará. “Quando concluirmos a pavimentação de toda a rodovia e, concomitantemente, trabalharmos na expansão da estrutura do porto, estaremos aptos a exportar 10 milhões de toneladas via Santarém. É só uma questão de tempo e apostamos que isso irá ocorrer em um prazo de dois anos”.
Em companhia de outros diretores da Aprosoja/MT, ele visitou na semana passada os portos de Santarém (PA), Itaqui, em São Luis (MA), e Itacoatira, em Manaus (AM). “A viagem foi muito proveitosa, pois tivemos conhecimento sobre a estrutura dos portos, bem como o andamento das obras de pavimentação da BR-163, que estão avançando e saindo de Mato Grosso rumo ao Pará. A nossa expectativa é de que até o final do próximo ano o asfalto esteja 100% concluindo”, avaliou Favaro.
Com a conclusão da pavimentação, ele diz que a tendência é Mato Grosso escoar grande parte de sua produção via Santarém. “O porto, atualmente, está com uma pequena estrutura para exportação. Para se ter uma idéia, utiliza-se hoje apenas 50% da sua capacidade em função da falta de infraestrutura, vias de acesso precárias e problemas de trânsito. Com as obras de ampliação e o fim dessas deficiências, o porto deverá receber cerca de 10 milhões de toneladas de soja somente de Mato Grosso no ciclo 2011/2012. Seguramente, será a melhor opção de escoamento para os nossos produtos”.
Frete – De acordo com cálculos da Aprosoja/MT, a rota Cuiabá-Santarém vai reduzir em até US$ 40 o custo do frete por tonelada de soja transportada, em relação ao que se paga hoje pelo escoamento do produto via Santos (SP) ou Paranaguá (PR). No caso da região norte do Estado, por exemplo, o custo do frete aos portos exportadores chega a até US$ 140 por tonelada de soja. Por Santarém, este custo poderia ser reduzido em até 28,58%, garantindo maior competitividade aos grãos produzidos em Mato Grosso.
Atualmente, os produtores mato-grossenses chegam a pagar até US$ 8,40 por saca de soja transportada até aos portos de Santos e Paranaguá. No caso da região de Canarana e Água Boa, o frete sobe para US$ 12/saca. Por Santarém, o custo do frete diminui drasticamente, propiciando um ganho de quase 30% ao produtor.
“É importante ganharmos novas saídas de escoamento da produção, pois precisamos reduzir os custos do frete e tornar a nossa soja mais competitiva no mercado internacional”, afirma Carlos Fávaro. Ele diz que hoje o porto de Paranaguá “deixou de ser uma boa opção” aos produtores mato-grossenses com lavouras fora da região Sul do País.
“Com a busca de melhorias pelo transporte modal, vamos abrir novas saídas à soja, otimizando o transporte, ganhando tempo e reduzindo custos. A busca é na renda, e uma das formas é melhorar as alternativas de escoamento”, disse, lembrando que o produtor deve avaliar o que é melhor para ele em termos de frete na próxima safra.