A receita com as exportações do complexo soja do Brasil (grão, farelo e óleo) cairá para 14,2 bilhões de dólares no ano comercial 2010/2011 (fevereiro/janeiro), previu nesta terça-feira a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
Em 2009, as receitas obtidas com as exportações do complexo soja somaram 17,2 bilhões de dólares, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
“A queda na receita ocorre por conta da expectativa de redução de preços de soja e farelo, diante das safras recordes de Estados Unidos, Brasil e Argentina”, afirmou Henrique Paes Barros, economista da Abiove.
Os EUA já terminaram a sua colheita 2009/10, e o Brasil iniciou há poucas semanas os trabalhos. A Argentina começa a colher em março.
“Você tem os Estados Unidos com mais de 90 milhões (de toneladas), o Brasil com 65 e a Argentina com 53, é muita soja, por isso os preços devem ceder”, acrescentou Barros, comentando suas primeiras estimativas de preços médios para o ano.
No ano passado, apesar da crise internacional, as exportações do complexo soja do Brasil não sofreram tanto em comparação com 2008, quando somaram 18 bilhões de dólares, por conta de preços sustentados no mercado global em função de uma oferta mais escassa e da demanda firme da China.
A soja e seus derivados lideram o ranking das exportações de produtos agropecuários do Brasil, o segundo exportador global da oleaginosa.
Em 09/10 a safra global de soja crescerá em cerca de 40 milhões de toneladas em relação a 08/09, notou nesta terça-feira a consultoria alemã Oil World .
Exportação menor
A Abiove prevê uma queda de 900 mil toneladas nas exportações de soja em grão na temporada 10/11, ante o recorde de 28 milhões de toneladas em 09/10, com o Brasil recompondo estoques neste ano.
E preço do grão exportado em 10/11 deverá cair para uma média de 350 dólares por tonelada, ante 400 dólares no ano passado.
A associação, que aponta para um aumento exportações de farelo de soja (para 12,7 milhões de toneladas) veja mais em , também trabalha com preços menores desse derivado, para 300 dólares por tonelada, ante 375 dólares no ano passado.
Biodiesel
As divisas com as exportações de óleo de soja também deverão cair, para 908 milhões de dólares, ante mais de 1 bilhão de dólares na temporada anterior.
Mas essa redução deverá se dar especialmente pela queda no volume exportado (de cerca de 500 mil toneladas), pois os preços do óleo estarão mais valorizados ao longo do ano, segundo a Abiove.
A entidade estima o preço de exportação do óleo em uma média anual de 825 dólares por tonelada, contra 774 dólares no ano passado.
“A demanda pelo óleo está muito aquecida”, destacou Barros, referindo-se aos mercados interno e externo.
“A China passou (recentemente) a ser a principal importadora de óleo de soja do Brasil, importou 33 por cento do total do ano passado (530 mil toneladas)”, afirmou ele.
Além disso, disse o economista, com o aumento na mistura de biodiesel no diesel em 2010 (B5), a demanda por óleo de soja para a produção do biocombustível crescerá bastante em 2010.
O óleo de soja responde por mais de 80 por cento da matéria-prima de biodiesel no Brasil, cujo consumo saltará neste ano para 2,3 milhões de metros cúbicos, ante 1,6 milhão de metros cúbicos em 2009.
“Para a empresa, é mais vantajoso destinar óleo para o biodiesel do que exportar (o óleo), e ter o problema de acúmulo de crédito do ICMS”, ressaltou o economista, lembrando da questão tributária que limita as exportações de derivados de soja no Brasil.