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Clima

O El Nino e as commodities

Fenômeno climático já perde força, mas ainda afetará commodities. Volta dos padrões regulares de chuva pode resultar na redução do valor das commodities.

O El Niño, o fenômeno meteorológico que altera as temperaturas no Pacífico e que afetou o preço do açúcar, do gás natural e outras commodities, está começando a perder força e pode terminar em junho. Meteorologistas dizem que o fenômeno periódico – provocado pelo aumento da temperatura nas águas do Oceano Pacífico tropical que afeta os padrões climáticos em várias regiões do mundo – chegou a seu auge em janeiro e mostra sinais de esfriamento.

Isso poderia resultar na redução no valor das commodities agrícolas, graças à volta dos padrões regulares de chuva, e no aumento dos preços de petróleo e gás natural, já que haveria mais probabilidade de uma temporada ativa de furacões no Golfo do México, segundo analistas.

O atual El Niño, o mais forte desde o período 1996/1997, vem sendo um “fator de mercado muito significativo [no preço] das commodities” desde meados de 2009, afirmou a analista Kona Haque, especializada em commodities no Macquarie.

O Departamento de Meteorologia Australiano, cujas previsões costumam ser acompanhadas de perto, informou que partes das águas do Oceano Pacífico esfriaram, “o que historicamente indica que a volta às condições neutras pode estar a caminho”.

A visão é compartilhada pelo Centro de Previsão de Clima, dos Estados Unidos, que interpreta o esfriamento como sinal de uma transição para “condições neutras” durante a primavera setentrional. O meteorologista Joel Widenor, da empresa de consultoria Commodity Weather Group, afirmou que “a tendência geral a partir de agora é de enfraquecimento”.

Embora as águas do Oceano Pacífico tenham começado a esfriar, os meteorologistas ainda mostram cautela em decretar o fim do El Niño. Analistas e operadores disseram que a dissipação do fenômeno levaria a uma tendência de desvalorização das commodities agrícolas, como açúcar, cacau, café e arroz, que atingiram seus maiores patamares em várias décadas.

A consultora Judith Ganes-Chase, que vem estudando o impacto do fenômeno nos mercados de commodities agrícolas, advertiu, no entanto, que seria um erro concluir que o El Niño é ruim para as commodities, assim como que seu oposto o La Niña é bom. “O impacto pode variar significativamente dependendo da época do ano, da cultura e da intensidade e duração do fenômeno”, afirmou.

Para o mercado de energia, o arrefecimento do El Niño poderia levar ao aumento nos preços. Acredita-se que o fenômeno climático tenha estado por trás da queda na incidência de furacões em 2009 no Golfo do México.

No ano passado, a temporada de furacões nos EUA, que vai de junho a novembro, foi a mais tranquila desde 1997, com nove casos. Com o enfraquecimento do El Niño, a previsão é de que a temporada deste ano seja mais ativa.

A Colorado State University prevê uma temporada “um pouco mais ativa do que a média”, com até 16 tempestades.

“Prevemos que o atual fenômeno El Niño se dissipará até a temporada de furacões de 2010”, informou.