A Vale seguiu o script previsto por dez entre dez atores da área de fertilizantes e fechou na noite de quarta-feira (10/02) acordo para adquirir as participações direta e indireta da americana Mosaic no capital social da Fosfertil, maior fabricante de matérias-primas para adubos do País. Firmado por US$ 1,03 bilhão, o contrato também prevê a compra, por US$ 50 milhões, de uma planta de processamento da múlti em Cubatão (SP).
Com a participação da Mosaic, de 20,27% (27,27% das ações ordinárias e 16,65% das preferenciais), a Vale passará a deter 78,9% do capital da Fosfertil (99,81% das ações ordinárias e 68,24% das preferenciais), segundo informou a mineradora em comunicado. No fim de janeiro, a Vale acertou a compra da fatia total de 42,3% da Bunge na Fosfertil, por US$ 2,15 bilhões, e também a participação direta e indireta de 15,5% da Yara na fabricante de matérias-primas para adubos, por US$ 785 milhões. Paralelamente, costurou também a aquisição de fatias menores da Heringer e da Fertipar na Fosfertil.
Em menos de 15 dias, portanto, a Vale quebrou a domínio das multinacionais Bunge, Mosaic e Yara na Fosfertil – Heringer e Fertipar são nacionais – e consolidou-se no controle daquela que é, hoje, uma das estrelas dos planos do governo de tornar o Brasil autossuficiente em fertilizantes. Isso por US$ 4 bilhões, fora a já citada planta da Mosaic em Cubatão, um projeto de Yara e Bunge de exploração de fosfato em Santa Catarina e os demais ativos minerais da Bunge Fertilizantes no país, que saíram por US$ 1,65 bilhão.
A Vale informou que, “uma vez concluída a aquisição das participações mencionadas, lançará uma oferta pública obrigatória para comprar as ações ordinárias remanescentes detidas pelos acionistas minoritários da Fosfertil, 0,19% do total, pelo mesmo preço por ação acordado com a BPI [holding que reunia os ativos da Bunge], Heringer, Fertipar, Yara e Mosaic”.
Todas elas continuam a operar no Brasil, mas focadas em mistura e vendas ao consumidor final. Neste mercado a Bunge é líder, com mais de 30%. Mesmo com a venda das participações na Fosfertil, a norueguesa Yara segue como um dos maiores grupos de adubos do mundo. A Mosaic, controlada pela Cargill, também se mantém forte no exterior, enquanto a Bunge preserva, operações em Argentina e Marrocos.
Quando anunciou a venda de suas participações na Fosfertil para a Vale, o CEO da Bunge, o brasileiro Alberto Weisser, admitiu o início de uma nova era de investimentos na exploração de jazidas de fosfato e potássio para a produção de adubos, liderada por grandes mineradoras globais como a Vale e a australiana BHP Billiton. Isso porque as explorações estão cada vez mais caras – dificilmente um novo projeto custa menos de US$ 1,5 bilhão, com cerca de quatro anos para entrar em operação – e as mineradoras, desde que com caixa, precisam se diversificar.