Presentes legalmente no Brasil há pouco menos de cinco anos, as sementes transgências já ocupam quase metade da área plantada do país. Dos 47,7 milhões de hectares cultivados pelos agricultores brasileiros no ciclo passado, 21,4 milhões (45%) foram cobertos com soja, milho e algodão geneticamente modificados(GMs). Considerando apenas essas três culturas (36,8 milhões de hectares), a cobertura dos transgênicos alcançou 58% na temporada 2009/10. As informações são do Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA, na sigla em inglês). O órgão acompanha a adoção de produtos geneticamente modificados em todo o mundo a partir de dados das indústrias.
Conforme o estudo, entre 2008 e 2009 a extensão destinada às lavouras transgênicas no território brasileiro aumentou 35%, o equivalente a 5,6 milhões de hectares. Foi a maior expansão entre os 25 países produtores de transgênicos. O forte crescimento fez com que o Brasil desbancasse a Argentina e passasse a ocupar a segunda posição no ranking de produção de alimentos GMs, atrás apenas dos Estados Unidos, que têm 64 milhões de hectares cultivados com sementes modificadas.
O crescimento dos transgênicos brasileiros foi puxado pelo milho Bt (resistente a insetos), que teve seu plantio comercial legalizado no início em 2008. No ano passado, o cereal GM cobriu 5 milhões de hectares, 400% a mais que em 2008, quando ocupou apenas 1,3 milhão de hectares. “Os agricultores estão aderindo rapidamente ao milho Bt em razão de fatores como redução de custos e melhoria na qualidade dos grãos. O milho transgênico permite uma economia de até R$ 300 por hectare em relação ao convencional”, afirma Alda Lerayer, diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB).
Segundo ela, entre a safra 2008/09 e a 2009/10, o porcentual de cobertura do cereal GM aumentou de cerca de 10% para 31% no país (considerando lavouras de verão e safrinha) e deve crescer ainda mais nos próximos anos. Na safra 2010/11, o milho Bt deve ocupar entre 60% e 70% da área de cultivo brasileira, estima Alda.
Inter
A soja transgênica também deve ganhar terreno no Brasil nas próximas temporadas, prevê a diretora do CIB. A expectativa de crescimento é sustentada na aprovação da soja Cultivance (tolerante a herbicidas). A nova variedade GM, desenvolvida em parceria entre a Embrapa e Basf, vai permitir a rotação de tecnologia e ajudar a evitar problemas com a resistência de ervas daninhas como a buva ao glifosato, considera Alda. No ciclo passado, 16,2 milhões de hectares (71% do total) foram cobertos com sementes GM, conforme o ISAAA.
Além de milho e soja, o Brasil também cultivou no ciclo passado 145 mil hectares de algodão Bt – 16% do total. Juntas, as três lavouras representam 16% dos 134 milhões de hectares cultivados com transgênicos em todo o mundo.