Grupos que representam os produtores de etanol dos Estados Unidos afirmaram nesta terça-feira, 6, que o fato de o Brasil ter suspendido as tarifas de importação sobre etanol estrangeiro não significa que os americanos tenham de fazer o mesmo. Na segunda-feira, o governo brasileiro decidiu reduzir o imposto de importação do etanol de 20% para zero com o objetivo de auxiliar na criação de um mercado mundial livre de combustíveis renováveis.
De acordo com o grupo de produtores Growth Energy, se os Estados Unidos reduzissem sua tarifa de importação de 54 cents por galão, os produtores de outros países se beneficiariam dos subsídios locais. “Não apoiamos a redução da tarifa de importação nos Estados Unidos, independentemente de qualquer coisa que o Brasil fizer temporariamente, porque o etanol brasileiro já usufrui de subsídios generosos do seu governo. Não faz sentido oferecê-los mais subsídios, do governo dos Estados Unidos”, comentou o presidente da instituição, Tom Buis.
O setor de etanol de milho dos Estados Unidos recebe subsídios do governo americano sem o qual não conseguiria operar. No Brasil, o governo subsidiou o início do programa de etanol, ainda na década de 70 do século passado, extinguindo esses subsídios nas décadas seguintes.
A Associação de Combustíveis Renováveis dos Estados Unidos, outro grupo de produtores, afirmou que há anos o Brasil vem fortalecendo sua indústria de etanol de cana-de-açúcar, a ponto de se tornar uma nação exportadora, sem necessidade de importação.
O Brasil, que é o maior exportador mundial de etanol, com 60% do mercado global, costuma enfrentar uma série de obstáculos em outros mercados – como nos Estados Unidos – por causa das elevadas tarifas que impedem a entrada do produto brasileiro. O etanol americano é produzido a partir do milho.
No entanto, o Brasil importa etanol de milho dos Estados Unidos, lembrou o representante-chefe da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Joel Velasco, que apoiou o governo na decisão de suspender a tarifa de 20% sobre as importações. Velasco disse que o movimento foi importante para o País, pois, para que a Unica “possa defender mercados abertos nos Estados Unidos, o Brasil precisa praticar o mesmo. É uma questão de princípios”.
Segundo Velasco, os legisladores dos Estados Unidos têm defendido a tarifa sobre as importações de etanol, utilizando como argumento a taxa brasileira. Portanto, a decisão do Brasil deverá, efetivamente, afastar esse argumento. A tarifa nos Estados Unidos deve expirar no fim de 2010, mas os deputados Earl Pomeroy e John Shimkus já começaram a trabalhar para estendê-la por mais cinco anos. As informações são da Dow Jones.