O Brasil e os Estados Unidos marcaram para os dias 10 e 11, em Washington, o início da nova fase de negociação sobre o acordo para Brasília não retaliar produtos americanos no contencioso do algodão. O Brasil quer saber detalhes de como os EUA vão implementar a decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC) para eliminar subsídios julgados ilegais que concede a seus cotonicultores, informou o embaixador brasileiro em Genebra, Roberto Azevedo.
De um lado, os americanos já se comprometeram a pagar compensação anual de US$ 147,7 milhões, dividido em parcelas mensais, para os produtores brasileiros, enquanto persistirem os subsídios domésticos ilegais. Falta esclarecer, quanto às garantias de credito para exportação, o que os EUA fará até 2012, quando o Congresso americano deverá aprovar uma nova lei agrícola. A parte difícil da negociação bilateral na verdade só agora vai começar, quando os dois lados entraram nos detalhes mais técnicos.
A indústria farmacêutica, que tinha patentes ameaçadas pela retaliação cruzada, está satisfeita com o andamento das discussões. “O possível acordo é um elemento a mais para que a industria considere o Brasil em posição privilegiada para receber investimentos, porque demonstra cautela e habilidade de como o governo brasileiro trabalhou”, afirmou ontem, em Genebra, o presidente da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisas (Interfarma), Antonio Brito.
A indústria farmacêutica acompanha agora de perto as discussões entre o Brasil e a Índia para atacar a União Europeia (UE) na OMC, por causa de apreensão de remédios genéricos em trânsito por portos europeus. “Nosso problema não é com a Índia, mas de como se evitar falsificação de remédios”, esclareceu Brito. As suspeitas em São Paulo são de que muitos remédios falsificados procedem da Índia e entram no Brasil via Paraguai. Ele disse que a indústria está satisfeita no Brasil com nova regulamentação Anvisa, que endurece o controle na importação de insumos para medicamentos.