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Brasil transgênico

As sementes transgênicas de milho e soja ganharam larga participação nesta safra com avanço em todas as regiões.

As sementes transgênicas de milho e soja ganharam larga participação nesta safra com avanço em todas as regiões, mostra sondagem da Expedição Safra Gazeta do Povo realizada durante o plantio. A soja geneticamente modificada (GM) avançou 24,37%, alcançando 20,15 milhões de hectares, ou 84,5% do total. O milho teve salto ainda maior, de 47,85%, chegando a 5,98 milhões de hectares ou 76,6% da área plantada.

A projeção leva em conta, como área plantada, a própria estimativa da Expedição Safra, que apurou estarem sendo cultivados 23,85 milhões de hectares com soja e 7,81 milhões com milho no país neste verão. Esta é quinta safra acompanhada pela sondagem da Gazeta do Povo, que percorre 12 estados viajando 25 mil quilômetros no plantio.

Os produtores disseram que a área de soja foi ampliada pela maior disponibilidade de variedades transgênicas adaptadas. Afirmaram que a semente GM alcançou a produtividade da soja convencional em boa parte das regiões que tinham perdas quando optavam pela tecnologia. Com isso, avaliaram que pode compensar pagar royalties para poder aplicar glifosato na fase pós-emergente da lavoura, para controle das ervas daninhas.

No milho, a principal justificativa foram os ataques dos insetos na lavoura. O setor argumentou que os ataques da lagarta-do-cartucho, por exemplo, têm provocado perdas cada vez maiores e que as variedades que matam o inseto, apesar de custarem mais, acabam rendendo volume expressivamente maior, recompensando o investimento.

Os técnicos que acompanharam a Expedição avaliam que o uso de sementes transgênicas pode aumentar com o lançamento de novas variedades. Atualmente, o Brasil planta apenas a soja RR, tolerante ao glifosato. No milho, há quatro variedades resistentes a insetos, uma tolerante a herbicida e outra que combina essas duas características. Para o ano que vem, as indústrias preparam mais variedades combinadas tanto de milho como de soja. Daqui duas safras, a indústria promete oferecer também sementes transgênicas que suportam a falta de chuva por mais tempo.

A expansão dos transgênicos ocorre também porque não há estímulo para a produção de grãos convencionais. “No caso da soja, o prêmio ainda é pouco atrativo. No milho, ainda não existe adicional na maior parte das regiões”, constata o analista técnico-econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti, que acompanhou a Expedição.

Os produtores relataram que tanto o milho quanto a soja transgênica vêm sendo aceitos sem restrições pela indústria de alimentos. Exportadores de carne que atendem a países que exigem uso de grãos convencionais seriam os únicos a oferecer algum tipo de compensação para o milho.

Em sua quinta safra, a soja GM se expandiu mais lentamente que o milho – plantado em larga escala pela segunda vez neste verão –, em função das fortes discussões que se estabeleceram no momento da introdução da tecnologia RR no campo, lembra o diretor-executivo da Coopera-tiva Central de Pesquisa Agrícola (Coodetec), Ivo Carraro, entrevistado pela Ex­­pedição Safra. Em sua avaliação, o milho tende a alcançar a soja, apesar da exigência de 10% de área de refúgio, para que o mecanismo de eliminação de insetos pela própria planta continue funcionando.

Os problemas da expansão do uso de sementes transgênicas – a resistência de ervas daninhas ao glifosato e o aparecimento de insetos mais fortes – vêm sendo contornados com mudanças no manejo e com áreas de refúgio. A combinação de herbicidas no inverno e no verão de forma planejada, considerando cada fase do ciclo de plantas como a buva resistente ao glifosato, permite o controle do mato e o restabelecimento do manejo simplificado, apelo decisivo para o uso de sementes modificadas.