Depois de milho transgênico e soja geneticamente modificada, a moda é o bio-porco. A ideia é mudar os genes dos animais para que eles eliminem menos fósforo nas suas fezes. As células dos porcos, assim como as de todos os bichos, necessitam de fósforo para fazer o DNA, construir membranas celulares e transportar energia. Porém, esses mamíferos não são capazes de digerir o fitato – uma molécula pesada de fósforo – em grãos, apesar das tentativas dos agricultores em fortificar alimentos para suínos. Assim, o fósforo excretado pelos porcos (quase tudo que eles comem) acaba sendo levado para o oceano, onde vira alimento de algas e bactérias que criam “zonas mortas” de oxigênio – um grande assassino da fauna marinha.
O bio-porco é o primeiro suíno capaz de digerir o fitato por conta própria. O projeto começou uma década atrás, quando Cecil Forsberg, biólogo da Universidade de Guelph, em Ontário, Canadá, modificou porcos geneticamente para que as suas glândulas salivares secretassem fitase. Isso permitiu que os porcos, agora em sua oitava geração, obtivessem fosfato sozinhos, a partir de grãos, e excretassem cerca de 40% menos fosfato.
Transformar os rebanhos em eco-porcos vai ser caro para os agricultores, diz Forsberg, mas a longo prazo a economia de suplementos vai economizar US$ 1,75 por suíno anualmente – uma bolada para uma fazenda de 100 mil suínos. O biólogo tem pedido permissão ao Departamento de Agricultura dos EUA e do Canadá para servir a carne dos suínos modificados. “Infelizmente, é ilegal fazermos testes alimentares neste momento, apesar da tentação”, diz. “Mas espero que tenham gosto muito bom”.