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Plantio concentrado e risco climático

Falta de chuva reduz janela de semeadura e prejudica o escalonamento da atividade e do ciclo das plantas.

Plantio concentrado e risco climático

O plantio escalonado, principal conselho dos agrônomos para o produtor rural driblar os períodos de seca característicos de ano de La Niña, não vem ocorrendo em boa parte das áreas de milho e soja do Paraná, apurou a Expedição Safra RPC. Na primeira semana do roteiro nacional, técnicos e jornalistas percorrem nesta semana os três estados do Sul do país.

A constatação inicial é que o clima seco dificulta a programação da semeadura. Quem está com o trabalho de campo atrasado aproveita para plantar a maior área possível logo que as chuvas trazem umidade suficiente, como na semana passada. A falta de estrutura também condiciona o plantio a uma mesma época, além de prejudicar o escalonamento dos ciclos da planta.

O agricultor Marcelo Paulin, de São Mateus do Sul, decidiu plantar 75 hectares de soja de uma vez. “Dependo de colheitadeira de aluguel. Não vou poder colher em partes”, explica. Segundo os produtores, a manutenção de maquinário próprio se viabiliza a partir de 400 hectares.

Trata-se de uma opção pelo menor risco, justificam agricultores e técnicos. “O produtor está consciente da importância de escalonar as tarefas, o que é um ponto positivo. Quem puder vai fazer”, observa a agrônoma Maria Sílvia Digiovani, da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), que acompanha uma das equipes da Expedição.

Na região Oeste de Santa Catarina, também visitada nesta semana, o clima privilegiado, com chuvas mais bem distribuídas nos últimos meses, permite que médios e grandes produtores plantem aos poucos. Com 70 hectares de milho já semeados, Daniel de Fabris está plantando outros 70 hectares de soja em três etapas, com intervalos de 15 dias. O primeiro lote vai permitir inclusive o cultivo da safrinha – com 15 hectares de soja sobre soja.

Em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, na semana em que deveria estar começando plantar, Luis Pilatti já tem lavouras com cerca de dez dias. Quarenta por cento dos 370 hectares destinados à soja já estão no campo. Na pressa para colher mais cedo e aproveitar os preços de entressafra, ele decidiu plantar antes da janela ideal e assumir os riscos.

Recomendação – “O ideal seria escalonar tanto a época de plantio quanto os ciclos produtivos. Mas sabemos que nem sempre isso é possível. A dica então é que o agricultor coloque tudo na ponta do lápis e avalie o que é melhor para ele: aumentar o custo para plantar e colher em etapas ou assumir o risco do clima”, afirma José Renato Bouças Farias, chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embarapa Soja, em Londrina.

Márcio Copacheski, técnico da Castrolanda em Castro, nos Campos Gerais, explica que, devido à janela curta de plantio, a diversificação de ciclos muitas vezes não é uma alternativa para muitos produtores. Nesses casos, “a recomendação é caprichar no manejo e tentar concentrar os trabalhos no melhor período de plantio”.