Os contratos futuros de soja, em Mato Grosso, continuam avançando e já atingem 40% da safra prevista para o ciclo 10/11, cuja colheita deve ocorrer somente a partir de janeiro devido ao atraso das chuvas. Os preços são os melhores já pagos ao produtor mato-grossense. De acordo com projeções da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT), cerca de 7,8 milhões de toneladas (t) já estão comercializadas por meio dos contratos futuros. Os analistas entendem que este é o momento de “redear custos” aproveitando a boa cotação de Chicago (EUA). A entidade estima produção de 18,72 milhões t.
No contrato para março de 2011, os negócios estão sendo travados a US$ 11,50 por bushel. No mês passado, os contratos para março indicavam preços de US$ 10,52/bushel, depois de terem chegado a US$ 9,10/bushel em meados de junho, para entrega no mês de maio.
Levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta que o mercado encerrou a semana passada com alta de 70 pontos em todos os contratos, após divulgação do relatório de oferta e demanda feita pelo Departamento de Agricultura Americano (Usda). Segundo os analistas, a redução da produção norte-americana de soja e a estimativa de aumento da safra brasileira, mesmo com a estiagem que vem atrasando o plantio em Mato Grosso, entre outros fatores, deram suporte para que o mercado batesse o limite de alta.
A explicação para a aceleração das vendas no mercado futuro é a valorização dos preços no mercado internacional. O contrato maio, por exemplo, iniciou a semana cotado a US$ 10,76/bushel e encerrou valendo US$ 11,57/bushel. O dólar se manteve nos patamares de outubro de 2008, cotado a R$ 1,668. Bushel é um padrão de medida norte-americano que equivale a 27,22 quilos.
“Tivemos uma boa valorização este ano e os produtores devem aproveitar o momento, que é favorável, para concretizar vendas da próxima safra”, afirma o diretor administrativo da Aprosoja/MT, Carlos Fávaro.
Segundo os analistas, a valorização dos preços se deu por vários fatores: demanda forte para o grão, puxada pelo aumento do consumo chinês e por problemas com a produção de trigo européia. “Na Europa, o cereal é muito usado como ração animal e, quando não há estoque suficiente, o produto é substituído pelo milho e farelo de soja, acelerando a demanda por estas commodities e impulsionando os preços”, explica Eduardo Godoy, analista da AgRural, em Cuiabá.
O analista diz que em qualquer situação os preços da soja hoje estão favoráveis para o produtor. “Saindo da Bolsa de Chicago e vindo para Mato Grosso, com cotação em saca, temos hoje preços muito interessantes. É hora de o produtor avaliar e tomar uma decisão se achar que é um bom momento para ele comercializar a soja de 2011”.
Cotação – O Imea mostra que, na região oeste do Estado, Campo Novo teve o melhor preço indicado de R$ 37,80/saca. Em Sapezal, o valor nominal da saca de soja atingiu R$ 36,50. No médio Norte, os produtores registraram poucas negociações na semana. Em Lucas do Rio Verde e Sinop as melhores indicações foram de R$ 38,50/saca e R$ 37,00/saca, respectivamente. Na região sul, Rondonópolis registrou cotação de R$ 41,80/saca e, no leste, Primavera do Leste negociou a soja a até R$ 40,40/saca. Na região nordeste, município de Canarana, a definitiva ausência do grão disponível para negociação fez com que os preços fossem apenas de referência, na casa dos R$ 37,00/saca. No centro norte, poucos compradores atuaram no mercado disponível, focando nas compras da próxima safra. Em Diamantino, a saca encerrou a semana valendo R$ 38,50.