As sementes modificadas geneticamente já representam a maior parte dos negócios da Pioneer no mundo. O insumo gerou US$ 3,1 bilhões em receita para a empresa em 2009 – 66% do total de US$ 4,7 bilhões registrados no ano. Em volume, as sementes transgênicas já representam quase a totalidade das vendas nos grandes mercados.
Braço de sementes da multinacional americana DuPont, a Pioneer tem trabalhado fortemente suas sementes nos segmentos de soja e milho, dois carros-chefes do agronegócio internacional.
De acordo com a empresa, 96% de toda a soja vendida por ela aos EUA e Canadá é geneticamente modificada. No Brasil, esse percentual gira em torno de 70% a 80%. Ao mesmo tempo, a América do Norte compra entre 84% e 90% das sementes modificadas de milho, Argentina 95% e países da Europa, como Espanha e Portugal, 50% (os europeus são historicamente arredios a esse tipo de tecnologia).
“O Brasil é o país onde mais estamos crescendo com transgênicos”, diz Paul Schickler, presidente da Pioneer Hi-Breed, que ressaltou o crescimento “extraordinário” da soja no país. “Já as nossas vendas de milho transgênico saltaram de 5% [das vendas totais], em 2008, para 83% neste ano”, acrescentou.
O avanço da biotecnologia nos negócios da Pioneer é um retrato do que ocorre de forma generalizada no campo brasileiro. Líder mundial no mercado de sementes, a Monsanto também comercializa hoje mais sementes transgênicas que convencionais – a empresa não informa quanto, alegando serem números “estratégicos”.
Assim como suas principais concorrentes, a Pioneer corre contra o tempo também para desenvolver sementes com novas características, como resistência ao estresse hídrico. Até 2015, a empresa pretende colocar no mercado os primeiros produtos dessa linha.
A principal motivação está no próprio território americano: 60% da lavoura americana de milho este ano enfrenta problemas com a seca. Em geral, 85% da área plantada com a cultura é afetada com pelo volume limitado de água – a chamada “dryland” dos EUA, que se estende por Estados produtores como Kansas e Nebraska.
Os cientistas da Pioneer explicam que a seca pode reduzir a produtividade do milho em até 50% – no caso de pelo menos quatro dias sem água no período de floração. O impacto global da estiagem é da ordem de US$ 1,3 bilhão por ano nessas lavouras.
Além da seca, a expansão populacional é outro elemento por trás das pesquisas. Até 2050, a população mundial deverá crescer 34%, para 9 bilhões de pessoas, segundo a ONU. E isso demandará um incremento na produção de alimentos de aproximadamente 70%.
Além do milho e da soja transgênicas, a Pioneer trabalha com outras 12 culturas, entre elas o arroz hídrido, e realiza pesquisas para cerca de 20 tipos de doença que assolam a soja pelo mundo.
Segundo a múlti, os países emergentes ganharão importância não só pelo crescimento exponencial de sua população. São neles que ainda há algum espaço para crescimento de área. O continente africano tem 30 milhões de hectares disponíveis para a produção de milho. “Há muita terra ainda na Etiópia, Quênia, Tanzânia, Zimbábue, Zâmbia e em Uganda”, resume Jim Collins, presidente da DuPont Crop Protection.