A estrutura usada na criação de perus nos Campos Gerais (PR) foi completamente desativada nos últimos seis meses. Os produtores, que forneciam aves para a Brasil Foods, devem mudar para a criação de frangos. A empresa promete arcar com os custos da mudança e pagar pelo tempo de paralisação das atividades.
O ânimo entre os produtores mudou. “O negócio estava bem complicado. A empresa não nos dava informações, havia muito boato e nós, produtores, estávamos confusos com os rumos que a coisa estava tomando”, conta o avicultor Luiz Otávio Bannach Filho. “Agora a situação é outra. Todos os produtores estão recebendo em dia pelo tempo que os barracões permanecem desativados e eles (Brasil Foods) prometeram que vão mudar os equipamentos das granjas para que a gente comece a produzir frango, tudo isso sem custo para os cooperados”, relata.
Segundo a empresa, para que os produtores comecem a receber os novos equipamentos, falta definir como será feito o financiamento através do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). “Como a Brasil Foods tem cumprido os compromissos até aqui, acreditamos que vai fazer as modificações nas granjas”, diz Bannach. Ele mostra-se preocupado em relação a atrasos.
A previsão é que a indústria passe a abater frangos na planta instalada em Carambeí até o final de setembro. A linha terá a mesma dimensão da que era usada para o abate de perus. Porém, vai funcionar inicialmente com 50% dessa capacidade, ou seja, 150 mil frangos/dia.
Para as mudanças no abatedouro, foram aprovados R$ 29,8 milhões, dos quais 53% já teriam sido aplicados. As obras, iniciadas em abril, prosseguem dentro do cronograma previsto pela empresa. Atualmente, está sendo construído o novo túnel de congelamento, necessário para o aumento do volume de produção. Além disso, estão sendo realizadas as adequações civis para a instalação de novos equipamentos.
Mudança
O processo de migração da produção de perus para frangos dos mais de 400 produtores dos Campos Gerais iniciou no ano passado, com a decisão por parte da Brasil Foods de mudar sua linha de abate de perus para o Centro-Oeste do País, mais precisamente para a unidade de Mineiros, em Goiás.
Um dos motivos alegados é que o preço do milho (essencial para a ração das aves) naquela região estaria muito abaixo do praticado no Paraná, com a saca de 60 quilos custando algo em torno de R$ 10, contra média de R$ 14 praticada nos Campos Gerais. Como a confirmação da empresa só veio em janeiro de 2010, e a desativação da produção de perus vinham sendo divulgada aos produtores desde o final do ano passado, houve insegurança e revolta entre os produtores.
Criadores como Josélia e João Maria de Matos, que têm aviário em Piraí do Sul, estavam prontos para desistir da atividade. “O frango dá mais trabalho. Se for para pagar de novo para trocar os equipamentos e aumentar a granja, eu até prefiro parar. Fiquei cinco anos pagando”, disse ela à época. Agora, mudaram de avaliação. João Maria conta que, após avaliar as propostas da indústria, se animou a produzir frango. “Eles estão pagando certinho os dias dos barracões parados. Também pediram para a gente fazer algumas adequações no terreno e na granja para receber as novas máquinas. Agora está tudo pronto pra começar a produzir”, conta.