“Milho não é mais viável. Não adianta correr uma série de riscos e não ter retorno”, lamenta Douglas Radoll, produtor em Luis Eduardo Magalhães (BA). Diante da redução na área plantada na safra 10/11 – estimada em 7,3 milhões de hectares, queda de 5,2% em relação a 09/10 é a menor da história – e com a queda na produtividade média, a produção de milho verão no próximo ciclo deve ser a menor desde 04/05. De acordo com o levantamento concluído pela AgRural na última quarta-feira, o Brasil deve colher 28,9 milhões de toneladas, 16% a menos que no ciclo anterior.
Além dos preços ruins, a La Niña também teve peso sobre os números. A produtividade nacional cai de 74 sacas por hectare para 66 sacas devido aos efeitos do fenômeno no Sul, região que, por sinal, é responsável pela abrupta redução na produção brasileira. Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul produziram 16,3 milhões de toneladas em 09/10 e, para a nova safra, a estimativa é de apenas 12 milhões (queda de 4,5 milhões de toneladas). “Tecnicamente teria até que plantar uma área maior, mas o mercado está muito ruim e o custo muito alto. Vou plantar apenas para rotação de cultura”, afirma Ely Germano, produtor em Arapoti (PR).
No Centro-Oeste, a previsão é que sejam colhidas 3 milhões de toneladas, 16% abaixo dos 3,6 milhões produzidos em 09/10. Para o Sudeste, o levantamento aponta queda de 5% na produção, que passa para 9 milhões de toneladas. Destaque para os mineiros que, aproveitando o recuo na safra paranaense, assumem o posto de maior produtor nacional com 5,8 milhões de toneladas. Para o Norte e Nordeste, o prognóstico é de estabilidade na produção, que deve chegar a 4,8 milhões de toneladas.
Mato Grosso que é o maior produtor de milho segunda safra do Brasil, por exemplo, a queda de uma temporada para outra já foi sentida em 2010. A produção que chegou a ser estimada em 9,5 milhões de toneladas no início do desenvolvimento das lavouras, vai encerrando o ciclo 09/10 com 8,26 milhões t, volume 2,9% abaixo dos 8,5 milhões t contabilizados na safra passada. O clima adverso que prejudica o cenário para o próximo ano, foi responsável pelas reduções registradas em Mato Grosso. Somente em produtividade esta safra vai ficando 18,6% menor em relação ao volume de 08/09.