O milho transgênico deverá abocanhar mais da metade da área plantada com o cereal no Brasil na safra 2010/11. Se nada excepcional ocorrer no meio do caminho, serão 7,1 milhões de hectares de um total de 12,8 milhões de hectares com milho nas safras de inverno e de verão.
Na safra anterior, de 2009/10, as variedades transgênicas representaram 32,6% da área total de milho no país – nesta, 55,6%.
“Os produtores estão satisfeitos com os resultados de produtividade”, diz Anderson Galvão, consultor da Céleres, que divulgou ontem o primeiro acompanhamento do avanço da biotecnologia na cultura na safra atual.
De acordo com ele, a produtividade foi um fator importante para a adoção das variedades modificadas geneticamente no campo. A consultoria levantou em entrevistas com produtores que os transgênicos de milho tiveram rendimento de 15% a 20% maior que o convencional.
Além disso, diz Galvão, o baixo preço do milho nos últimos dois anos provocou uma “seleção natural” entre os produtores. “Só permaneceram os mais eficientes, e isso geralmente quer dizer um uso maior de tecnologia”.
Dentre as tecnologias, a mais adotada será a de resistência a insetos, com 2,83 milhões de hectares (43,9% do total). Sementes com tolerância a herbicida e genes combinados deverão ter área plantada de 275 mil (3,6%) e 116 mil hectares (1,5%), respectivamente, segundo o levantamento.
A maior concentração de milho transgênico está na região Sul, com 1,5 milhão de hectares, e Sudeste, com 900 mil hectares.
O milho transgênico é utilizado tanto para consumo humano quanto animal – “da comida do frango ao mingau de maisena”.
Os grãos convencional e geneticamente modificado não são segregados no mercado interno. Segundo a consultoria, “por falta de demanda do consumidor”.
Mas o avanço da biotecnologia não ocorre de forma tão calma. Recentemente, a Justiça Federal do Paraná suspendeu a liberação comercial da variedade “Liberty Link”, produzida pela múlti alemã Bayer CropScience, alegando ausência de um plano de monitoramento pós-liberação comercial que deveria ter sido exigido pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). O uso comercial dessa semente foi aprovado no início de 2008.
Em nota, a Bayer afirmou que “continuará cumprindo com todos os requerimentos legais para que o direito de uso comercial deste produto seja retomado”.