A Cooperativa Central Mineira de Laticínios, a Cemil, retirou-se do projeto para a criação da maior cooperativa de laticínios da América Latina, do qual fazem parte as também mineiras Itambé e Minas Leite , Centroleite, de Goiás e Confepar.
Em comunicado, a Cemil informou que decidiu retirar-se das negociações, após analisar as informações fornecidas pela Pricewaterhouse Coopers, contratada em 2009 para avaliar os ativos de cada central de laticínios, determinar o valor da nova cooperativa e estabelecer o peso de cada um dos sócios no negócio.
“De posse de todas essas informações, e baseando-se no teor das detalhadas negociações travadas até aqui, a Cemil teve condições de fazer a opção que mais atendesse aos interesses de seus cooperados. (…) A decisão foi a de seguir seu caminho como uma cooperativa autônoma, em defesa de seus interesses prioritários, que se mantêm preservados”.
O Valor apurou que a Cemil optou por deixar as negociações por considerar que teria ficado com um peso pequeno na nova cooperativa. Sozinha a Itambé teria um peso de 75% no valor da nova empresa, de acordo com a avaliação feita pela Price. As outra quatro sócias dividiriam os 25% restantes.
Ainda que a Cemil tenha decidido parar de negociar, as conversações entre as outras quatro cooperativas para a fusão continuam, apurou o Valor. Pelo projeto original, inspirado em casos bem-sucedidos de fusões de cooperativas no exterior, seria criada uma cooperativa de lácteos com faturamento de R$ 4 bilhões por ano.
No comunicado, a Cemil informa que retomou investimentos postergados em 2009 por causa da crise internacional. Pretende investir R$ 85 milhões em seu parque produtivo até 2012. Desse montante, R$ 45 milhões serão aplicados na ampliação da sede da empresa em Patos de Minas (MG), onde irá fabricar leite condensado. O restante será destinado à construção de uma unidade em Caruaru (PE), com capacidade de processamento de 200 mil litros de leite por dia, para abocanhar uma fatia do crescente mercado nordestino.
As perspectivas positivas para 2010 também explicam a decisão da Cemil de sair do projeto. Em 2009, sua receita cresceu 48% sobre 2008, e a expectativa é de um avanço de 8% a 10% este ano. “A cooperativa reúne todas as condições necessárias – capacidade de investimento, mão de obra qualificada, expertise e gestão eficiente – para, de forma autônoma, obter grande sucesso com a retomada de crescimento da economia brasileira”, diz o comunicado.