O Brasil deverá exportar um recorde de 29,5 milhões de toneladas de soja na temporada 2010/11 (fevereiro/janeiro), informou nesta quarta-feira a Abiove, que elevou a sua previsão em 300 mil toneladas na comparação com a estimativa de junho.
Na temporada anterior, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o Brasil exportou 28 milhões de toneladas.
O país, segundo exportador global de soja atrás dos Estados Unidos, continua se beneficiando da forte demanda da China, o maior importador mundial, disse nesta quarta o secretário-geral da associação, Fábio Trigueirinho.
“Os Estados Unidos tiveram uma safra muito boa (na temporada passada), mas foram vendendo muito e estão com estoques curtos, permitindo que o Brasil se beneficie disso nos meses de julho, agosto, setembro”, afirmou Trigueirinho, prevendo embarques elevados nos próximos meses, antes do início da colheita da nova safra dos EUA.
Ele também lembrou que o Brasil já exportou grandes volumes no primeiro semestre.
“O Brasil teve participação forte no início do ano, e está indo muito bem, com a demanda chinesa basicamente. Os amigos da China acabam ano após ano importando mais um pouco, e o Brasil tem conseguido atender a essa demanda”, declarou o executivo.
A Abiove em seu relatório mensal manteve a previsão de colheita na última safra em um recorde de 68,4 milhões de toneladas, a qual cresceu mais de 10 milhões de toneladas na comparação com a temporada anterior.
E, com o aumento esperado nas exportações, a Abiove foi obrigada a revisar para baixo os números dos estoques finais em 10/11, para 3,7 milhões de toneladas de soja, ante 4 milhões na previsão anterior e contra 2,1 milhões na temporada passada.
Processamento
No informe mensal, a entidade manteve ainda as previsões de processamento de soja do país em 33,1 milhões de toneladas em 10/11, o que representará um aumento de 2,4 milhões de toneladas ante a temporada passada.
“O mercado está girando bem, está dentro da expectativa. O esmagamento também está”, acrescentou Trigueirinho.
Em junho, as companhias processaram 2,9 milhões de toneladas de soja, um número que deverá ser reajustado para cima nos próximos meses, considerando que eles representam 81 por cento das indústrias do país.
Considerando a mesma amostragem, a Abiove detectou um ligeiro aumento no esmagamento em relação a maio, quando o processamento foi de 2,86 milhões de toneladas.
A produção de farelo de soja do Brasil está estimada para a temporada 10/11 em 25,2 milhões de toneladas, ante 23,5 milhões na passada, enquanto a produção de óleo crescerá para 6,3 milhões de toneladas, ante 5,9 milhões no ano passado.
As exportações de farelo de soja crescerão para 13,2 milhões de toneladas, ante 12 milhões no ano anterior, enquanto as vendas externas de óleo terão queda de 100 mil toneladas na comparação anual, para 1,3 milhão de toneladas, com o mercado de biodiesel absorvendo o aumento da produção.
Com preços menores do farelo e da soja ante 2009, as divisas geradas com as exportações do complexo da oleaginosa, o principal da pauta externa do agronegócio do Brasil, são estimadas pela Abiove em 2010 em 15,4 bilhões de dólares, ante 17,2 bilhões de dólares no ano passado.