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Cotação da soja é especulativa

A variação entre os meses de dezembro e janeiro é muito acentuada e os especialistas não encontram nenhuma outra razão para 15% de aumento em plena crise econômica mundial.

Redação (02/03/2009)-  A estiagem nas lavouras de soja sul-brasileiras, da Argentina e do Paraguai trouxe, junto com uma redução de oferta, especulação no mercado de cotações. A variação entre os meses de dezembro e janeiro é muito acentuada e os especialistas não encontram nenhuma outra razão para 15% de aumento em plena crise econômica mundial. Mesmo com as quedas das últimas semanas, puxadas pela Bolsa de Chicago, o patamar é alto – R$ 44,39 a saca – e justificado apenas pela estiagem da produção sul-americana.

A perspectiva era de otimismo até a redução do volume da safra decorrente do período de seca. Primeiro porque no ano passado, o consumo foi maior que a produção devido ao aumento do seu emprego na fabricação do biodiesel. Esse impacto inesperado elevou sua procura e um consequente aumento das cotações entre os meses de junho (R$ 45,07) e julho (R$ 45,67) de 2008. A queda que vem na sequência, segundo o engenheiro agrônomo Otmar Hubner, do Departamento de Economia Rural, da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Deral/Seab), pode ser atribuída à entressafra e à crise econômica que até dezembro oscilou na casa dos R$ 40,00/sc.

Para se ter uma noção de volume, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, no ano passado a produção mundial atingiu 220,9 milhões/t (em 2008) contra as 229,8 milhões/t consumidas. A diferença de 1,1 milhão/t não abalou o suporte dado pelo estoque mundial do grão, estimado em 53,2 milhões/t. Porém, acendeu a luz vermelha dos produtores e de quebra elevou seu preço nas tabelas das commodities pelo mundo no final do primeiro semestre.

Por causa desse movimento os produtores dos Estados Unidos resolveram aumentar a área plantada para a safra 2009. Isso também alegrou os brasileiros, que começaram a plantar antes do dia 15 de outubro e foram vitimados pela seca de outubro/novembro. ””Teve gente que plantou entre o final de setembro e 10 de outubro pensando em colher antes e plantar o milho safrinha em fevereiro. Estes produtores sofreram os efeitos da estiagem do ano passado. Mas quem respeitou a data está com a lavoura boa””, esclareceu Eugênio Stefanello, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Stefanello aponta que em tempos de safras normais, uma saca de soja custa na faixa dos 26 aos 28 reais nas mãos dos produtores. Atualmente, os preços oscilam entre 40 e 45 porque estão estocando mais e apostando numa demanda e cotações mais altas no futuro. ””Com os preços de hoje, mesmo passando por um momento de queda eles estão acima do custo da produção e ainda dá para garantir uma margem significativa””, aconselha.