Redação (26/03/2009)- Para saber o potencial de uma atividade, é necessário o conhecimento de dados mundiais e saber transportá-los para a realidade nacional. Na palestra “Aspectos da Suinocultura do Brasil e do Mundo”, Olinto Rodrigues de Arruda, engenheiro agrônomo e suinocultor, apresentou dados da produção suinícola mundial e explicou como o suinocultor brasileiro pode trabalhar estes números para incrementar a atividade. A apresentação foi feita no curso “Gestão na Suinocultura”, promovido pela Consuitec nos dias 24 e 25 de março, em Campinas (SP). Evento reuniu cerca de 90 empresários e administradores do setor.
“Atualmente a carne suína é a proteína mais produzida e consumida no mundo. Apesar da crise, não existem perspectivas de mudança neste cenário”, diz Olinto. De acordo com ele, a carne suína é responsável por 40,41% da produção de carnes no mercado mundial. A China está no topo dos países produtores, seguida por EUA, Alemanha e Espanha. “O Brasil está em quinto lugar entre os grande produtores, mas quando falamos em consumo, a realidade é diferente”, diz.
Produção Mundial de Carne Suína em 2007
Tipo de Carne | Volume (ton.) | Participação (%) |
Suína | 115.453.862 | 40,41% |
Aves | 86.772.328 | 30,37% |
Bovina | 61.881.160 | 21,66% |
Outras | 21.608.459 | 7,56% |
Total | 285.715.809 | 100,00% |
Fonte: FAOSTAT, FAO
País | Volume (ton.) | Part. (%) | País | Volume (ton.) | Part. (%) |
1 China | 61.150.000 | 52,96% | 10 Rússia | 1.788.000 | 1,55% |
2 EUA | 9.952.709 | 8,62% | 11 Dinamarca | 1.750.000 | 1,52% |
3Alemanha | 4.670.000 | 4,04% | 12 Itália | 1.600.000 | 1,39% |
4 Espanha | 3.221.700 | 2,79% | 13 Filipinas | 1.501.000 | 1,30% |
5 Brasil | 3.130.000 | 2,71% | 14 Países Baixos | 1.295.600 | 1,12% |
6 Vietnã | 2.500.000 | 2,17% | 15 México | 1.200.000 | 1,04% |
7 Polônia | 2.100.000 | 1,82% | 16 Japão | 1.164.500 | 1,01% |
8 França | 1.982.000 | 1,72% | Outros | 14.553.973 | 12,61% |
9 Canadá | 1.894.380 | 1,64% | Total | 115.453.862 | 100,00% |
Fonte: FAOSTAT, FAO
Segundo Olinto, além de ser a carne mais produzida, o produto suíno também é o mais consumido em escala mundial, superando a carne bovina e de frango. “Atualmente a carne suína é a preferida em diversas partes do globo. A média de consumo por pessoa na Europa é 44 quilos. China e Canadá registram 35. Nos Estados Unidos, o consumo atinge 30 quilos por pessoa e a média mundial é 16 quilos”, mostrou o suinocultor. “O Brasil, apesar de ser o quinto produtor mundial de carne suína, está abaixo da média, com 13 quilos por pessoa. Observando esta diferença, podemos enxergar o potencial de crescimento de nosso consumo, uma vez que as carnes de frango e bovina atingem um consumo per capita de 36 e 38 quilos respectivamente.”
Dicas do suinocultor:
Olinto explicou alguns fatores fundamentais a serem considerados para o incremento da suinocultura nacional e aumento da lucratividade. “Aspectos sanitários como o controle da ração, água e medicamentos na propriedade podem monitorar a presença de resíduos, como micotoxinas, refletindo em melhor qualidade”, explica. “Observar os aspectos ambientais e de bem-estar animal também são fundamentais para o bom andamento da atividade. A granja deve estar muito bem adaptada para preservar o conforto do suíno. A construção de biodigestores para o tratamento de dejetos é eficaz para produção de energia e fertilizantes, garantindo respeito ao meio ambiente e retorno financeiro ao produtor”.
O suinocultor também destacou os aspectos sócio-econômicos, incentivando a busca de novos mercados e o aumento do consumo interno. “Atualmente observamos algumas ações do governo para abertura de mercados, como Chile e Rússia, além de ações de incremento de consumo interno da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) como a campanha Um Novo Olhar para a Carne Suína”, diz. “O produtor não deve desanimar, mesmo em período de crise, a união destes fatores nos conduzirá a superação”.
Para concluir sua palestra, Olinto usou de sua experiência no setor para definir algumas “regras” que permitiriam a organização da suinocultura nacional de forma adequada.
Segundo ele, a missão do setor é a produção de alimentos saudáveis e de alta qualidade, de forma socialmente correta. Deve-se utilizar técnicas adequadas com resultados economicamente viáveis. Para isto, é necessário respeito absoluto ao bem-estar e segurança das pessoas, dos animais, do meio ambiente e a observância e cumprimento das normas sociais, tributárias, econômicas e de biosegurança.
“O objetivo é a valorização do ser humano, do meio ambiente, da qualidade de vida e dos nossos produtos”, explicou Olinto. “Precisamos ter foco em nosso negócio através de planejamento e fixação clara de objetivos. É necessário definir sistemas e métodos, seleção, treinamento e comprometimento pessoal, monitoramento, controle e avaliação das pessoas e das atividades”, afirmou. “Sem esquecer, claro, atenção especial aos nossos clientes, remuneração justa e pontual aos nossos colaboradores, fornecedores e obrigações sociais”, explicou.