Redação (02/04/2009) – R$ 120 bilhões. Esse é o montante dos recursos solicitados pelos produtores mato-grossenses no Plano de Safra Agrícola 2009/2010, que será anunciado no próximo mês de maio pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O plano definirá as regras para o financiamento de custeio, comercialização e investimento, produção e volume de recursos a serem colocados à disposição dos agricultores. Considerando o pleito dos ruralistas, o incremento de recursos, implica em um aumento de 53,84% sobre a oferta federal ao atual ciclo.
De acordo com a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT), os R$ 95 bilhões sinalizados na semana passada pelo governo federal ficam aquém da necessidade do setor agrícola. “Esperamos que o governo reveja este valor, pois a nossa necessidade é de no mínimo R$ 130 bilhões para esta safra”, defende o gerente técnico da entidade, Luiz Nery Ribas.
Com a atual crise de crédito, um dos principais objetivos do governo federal é diminuir a dependência dos produtores de financiamento das tradings, que adotam juros de mercado e como denunciam os produtos, em muitos casos, acima disso. Para isso, o Plano Safra 2009/2010 deverá ter acréscimo de 20% a 25% em relação ao valor disponibilizado na safra anterior, evoluindo de R$ 78 bilhões para cerca de R$ 95 bilhões.
Ainda que seja superior ao valor anunciado no ano passado, o novo aporte não resolverá o problema do crédito, pois os recursos são insuficientes e o produtor mais uma vez terá de recorrer aos bancos e às tradings.
“O problema é que este ano as instituições de crédito poderão reduzir ainda mais o volume dos recursos ao produtor, deixando o setor sem cobertura. A safra deste ano é uma incógnita e, se já foi difícil no ano passado, em 2009 será pior”, afirmou Nery.
Em relação à implementação de recursos para os investimentos e custeio das futuras safras, o setor agrícola de Mato Grosso sugere o aumento dos recursos de crédito para R$ 120 bilhões devido à necessidade de ajuste da participação oficial no volume de créditos e financiamentos para a agropecuária empresarial em 84,6%.
“Não adianta só aumentar o crédito, mas dar condições de acesso ao produtor. É preciso fazer o crédito chegar às mãos dos agricultores sem burocracia e com custo mais barato”.
Ele também defende a ampliação dos preços mínimos, a ampliação dos valores de financiamento por produto e a destinação de mais recursos para instrumentos de comercialização como o Pepro, Prop, Pesoja, e AGF/EGF (Aquisição e Empréstimo do Governo Federal).
Além da ampliação de recursos para investimentos e custeio, o setor agrícola espera que o novo plano safra contemple também a redução das taxas de juros das operações de custeio e investimento na ordem de 3,75%, “uma vez que a taxa Selic foi reduzida de 13,75% em dezembro de 2008 para uma taxa prevista de 10% para dezembro de 2009”.
O setor agrícola defende também a ampliação dos limites individuais para empréstimos e a criação de uma política agrícola voltada para a recuperação da renda do produtor.
“Gostaríamos que o governo federal implantasse uma política agrícola com mais foco na renda do que no crédito. O crédito é importante, mas o produtor precisa de renda. E isso ele só conseguirá com uma melhor logística, juros mais baixos, desoneração fiscal em alguns insumos da cadeia e seguro rural com maior cobertura”, frisou Nery.