Redação (7/4/2009) – A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), por meio de sua assessoria de imprensa, informou ontem que apoia a manifestação pacífica dos produtores de Vila Rica. ”Nós (Federação) estamos tentando de todas as formas auxiliar os nossos pecuaristas. Eles (produtores) têm o direto de buscar seus meios para que possam sensibilizar a diretoria desses frigoríficos para que eles tomem alguma medida emergencial para quitar o que devem”, defendeu o presidente da Federação, Rui Prado.
Prado lembrou que o grupo Quatro Marcos já entrou com pedido de recuperação judicial e apresentou o Plano de Recuperação no final do mês passado. A proposta apresentada garante o pagamento dos credores em 12 meses, sem correção de juros com carência de mais 12 meses após a homologação do Plano. ”Ou seja, o grupo poderá liquidar seu débito com os pecuaristas num prazo de dois anos. E os produtores não concordam com o prazo, pois a maioria que tem créditos a receber é composta de pequenos e médios pecuaristas. Temos caso de produtores que venderam seus animais para o Quatro Marcos e não receberam. Para tentar sair do sufoco, venderam para o Independência e também não receberam”.
A Famato esclarece ainda que o acampamento dos manifestantes está dentro de uma propriedade particular e tem o consentimento do proprietário.
Acrimat – ”O pecuarista está no seu limite. A situação se agrava e até agora nenhuma das sugestões apresentadas pelas associações organizadas do setor foram aceitas e muito menos o governo federal apresentou uma alternativa para resolver essa crise. Não temos como impedir manifestações como a que esta ocorrendo em Vila Riva, pois é um absurdo como o produtor vem sendo tratado”, disse o presidente da Acrimat, Mário Candia de Figueiredo. A Acrimat está acompanhando de perto o movimento e atento para qualquer forma de arbitrariedade contra os produtores. ”O manifesto é justo e legal”, completa.
”O frigoríficos levaram nosso suor, levaram nosso dinheiro limpinho depois de todo o trabalho que tivemos para engordar o gado. Ficamos sem o dinheiro de pagar o gás de cozinha, a escola de nossos filhos, o mercado, as pessoas que trabalham para nós, o de abastecer o veículo e o trator para trabalhar. Agora eles (frigoríficos) entram com a tal recuperação judicial com um longo período e não nos dão qualquer satisfação”, desabafa o produtor Marcos da Rosa que tem crédito a receber dos frigoríficos Quatro Marcos, Arantes e Independência.
Documento – O protesto foi registrado por uma carta de repúdio, elaborada pelo Sindicato Rural de Vila Rica que alega que mais uma vez os produtores foram pegos de surpresa. ”Neste momento nos encontramos de mãos atadas pela figura caótica e famigerada do engodo, na qual vem revestida e disfarçada em nome de ”recuperação judicial”, que por sua vez tem a finalidade de salvaguardar o princípio do fim social da empresa em situação de recuperação”.
No documento, os pecuaristas reivindicam o pagamento imediato dos créditos em atraso, respeito aos direitos dos produtores, pagamento de um preço justo e na data aprazada, implantação da balança do produtor (Pesebem/Famato), vendas a prazo (30 dias) somente com garantia bancária ou dentro do limite do frigorífico, redução da diferença do preço aplicado aqui e com os dos grandes centros, mudança na proposta de pagamento apresentada na recuperação judicial e pagamento de um frete mais justo às transportadoras e pagamento em dia.