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Exportação

Especialistas recomendam esforço para diversificar vendas na China

As commodities, incluindo soja, representam a grande parte das exportações brasileiras para o mercado chinês.

O painel do Fórum Econômico Mundial para a América Latina que discutiu ontem a relação da região com a China evidenciou uma realidade preocupante para o Brasil, na visão de especialistas: o país não está fazendo esforços para diversificar as vendas para o mercado chinês. Rodrigo Maciel, secretário-executivo do Conselho Empresarial Brasil-China, disse que o Brasil não tem uma política, uma estratégia de vendas para a China.

As commodities, incluindo minério de ferro e soja, representam a grande parte das exportações brasileiras para o mercado chinês. Também ficou claro que a burocracia e o custo para exportar do Brasil fazem com que, em alguns casos, seja melhor produzir na China para exportar para países vizinhos do Brasil.

Foi o que relatou Marcel Martins Malczewski, presidente da Bematech, empresa brasileira da área de informática. Malczewski disse que é mais fácil para a empresa, que tem fábricas no Brasil e na China, produzir certos produtos no mercado chinês, e colocá-los em depósito em Miami, nos Estados Unidos, para depois exportá-los para a Argentina. “É uma questão de custo e burocracia”, disse o empresário.

O economista venezuelano Ricardo Hausmann, da americana Harvard University, disse que a pergunta hoje é onde estão as novas áreas de complementariedade entre América Latina e China. “Em um mundo onde a energia é mais cara, não faz sentido mandar petróleo e minério para a China para que eles façam aço e derivados lá. É questão de economia no custo de transporte”, disse Hausmann. Para ele, seria melhor agregar valor à produção e exportar mais aço no lugar de minério e mais frango no lugar de soja.

Ele avaliou que há empresas chinesas que veem a America Latina como fonte de suprimento de recursos naturais. Segundo ele, os países latino-americanos estão projetando muitos produtos que se fabricam na China. Ele defendeu uma política de complementariedade de investimentos pela qual os chineses poderiam investir na América Latina para exportar esses produtos para o mercado dos EUA.

Hausmann reconheceu que os investimentos latino-americanos na China têm sido importantes, embora os investimentos chineses na região estejam apenas começando.” Os investimentos chineses ainda são pequenos, mas as taxas de crescimento altas”, disse Zhu Hongbo, diretor da área latino-americana do Instituto de Estudos Internacionais da Universidade de Fudam, na China. Ele informou que o comércio entre a América Latina e a China, que era de cerca de US$ 10 bilhões há sete anos, alcança agora US$ 100 bilhões, superando as metas fixadas pelo próprio governo chinês.