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Exportação

Suinocultores querem ampliar exportação para China

Parlamentares querem maior flexibilização na liberação dos recursos destinados ao setor.

Senadores da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) vão pedir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, durante visita que fará à China este mês, incentive aquele país a importar carne suína brasileira. Os parlamentares também pretendem requerer ao Ministério da Fazenda maior flexibilização na liberação dos recursos destinados ao setor. As propostas foram sugeridas nesta terça-feira (5) por representantes do setor suinocultor, durante audiência pública na CRA.

O presidente da CRA, senador Valter Pereira (PMDB-MS), ressaltou que a China é um mercado importante, tendo em vista que é um grande consumidor de carnes, sendo 70% desse mercado ocupado pela carne suína. Em sua opinião, a conquista do mercado chinês poderá contribuir para que o setor saia da crise que enfrenta.

A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) lembrou que o setor tem sofrido com os sucessivos problemas ocorridos em Santa Catarina, maior produtor de suínos do país. A parlamentar informou que as enchentes que atingiram o estado em 2008 danificaram estradas, dificultando o escoamento da produção. A crise econômica mundial, ressaltou, também teve reflexos negativos na suinocultura, pois os países atingidos reduziram suas importações da carne de porco. Outros problemas, como estiagem e condições dos portos, informou a Ideli, prejudicaram a suinocultura.

O senador Raimundo Colombo (DEM-SC), que pediu a audiência pública, defendeu a adoção, pelo governo, de política de preço mínimo para a carne de porco. Em sua opinião, é dever do Estado socorrer as empresas em dificuldades financeiras em razão de crises não geradas por elas. Colombo disse que os suinocultores produziram com prejuízo por algum tempo e se descapitalizaram. Em sua avaliação, o setor ocupou um espaço que deveria ser do governo e, por isso, entrou em crise.

Crédito

Na opinião do senador Neuto de Conto (PMDB-SC), a falta de crédito é o principal problema enfrentado pelos suinocultores. Ele defendeu maior atenção do governo ao setor do agronegócio, que, conforme informou, representa 34 % das exportações brasileiras, um terço do Produto Interno Brasileiro (PIB) e 37% dos empregos.

O Presidente Executivo da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro Camargo Neto, disse que os produtores não têm acesso aos recursos liberados pelo governo devido às normas exigidas pelo Banco do Brasil e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ele pediu flexibilização das regras e condições diferenciadas para este momento de crise. Ele disse que o governo tem liberado recursos, mas ignora a crise econômica, o que, para ele, é uma falha grave. Ele informou que menos de 1% dos recursos anunciados foram contratados pelos produtores.

A crise no setor suinocultor poderia ter sido evitada, disse o vice-presidente de Secretaria da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri, se o Ministério da Agricultura tivesse inserido a carne suína na política de preços mínimos. Em sua opinião, o governo tem condições de assumir o ônus, especialmente no que se refere à carne estocada.

A crise no setor poderá gerar uma reação em cadeia e afetar outros setores da economia, alertou Enori Barbieri. Como exemplo, ele disse que os produtores de milho poderão ser afetados, uma vez que a suinocultura e a avicultura são os maiores consumidores deste cereal.

Gripe

O presidente da CRA destacou que a audiência pública foi proposta para debater os efeitos da crise econômica sobre a suinocultura. No entanto, a gripe surgida no México e denominada, a princípio, de gripe suína, prejudicou ainda mais o setor.

Pedro Camargo Neto afirmou que o setor já enfrentava problemas e que a gripe os pegou de surpresa. Ele disse que os suinocultores tiveram de fazer um trabalho de comunicação para corrigir o equívoco, segundo ele, de que a gripe pode ser adquirida com o consumo de carne suína. Ele contou que a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde já reconheceram que o vírus H1N1 não é transmitido pela carne do animal, o que foi reforçado pelo senador Augusto Botelho (PT-RR), que é médico.