Um ano após o devastador terremoto que atingiu o Haiti, a WSPA – Sociedade Mundial de Proteção Animal faz um balanço de todos os esforços empreendidos na prestação de socorro aos animais do país e na reconstrução de toda a sua infraestrutura veterinária, objetivando capacitar o povo haitiano a dar proteção adequada aos animais dos quais dependem.
Logo após a ocorrência do terremoto, a WSPA e o Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal (IFAW – International Fund for Animal Welfare) se juntaram para formar a Coalizão para Ajuda aos Animais do Haiti (ARCH – Animal Relief Coalition for Haiti), um esforço conjugado visando a uma coordenação mais integrada dos vários grupos dedicados ao bem-estar animal (veja abaixo a relação de todas as organizações que integraram a coalizão).
Agindo de forma conjunta, estes grupos trabalharam junto com o governo haitiano, as Nações Unidas e outras agências internacionais para resolver os problemas mais emergentes relacionados aos animais do país. Ao criar uma comissão majoritariamente composta por haitianos, a Coalizão para Ajuda aos Animais do Haiti fundou um marco histórico, contribuindo bastante para a determinação das metas da Coalizão e possibilitando uma integração imediata com as autoridades haitianas.
Gerardo Huertas, Diretor Operacional da WSPA para Desastres nas Américas, analisa os esforços da ARCH: “Na Coalizão para Ajuda aos Animais do Haiti, prestamos socorro a mais de 50 mil animais nestes últimos 12 meses, ajudando as pessoas a melhor compreenderem a importância do bem-estar animal. Talvez mais importante ainda tenha sido o nosso auxílio na reconstrução da crítica infraestrutura do Haiti. Ajudamos, por exemplo, na restauração do Laboratório Veterinário Nacional, além de termos montado uma clínica veterinária móvel e unidades de refrigeração à base de energia solar, as quais foram essenciais para a estocagem e a distribuição de vacinas nas temperaturas apropriadas, facultando a vacinação de todos os tipos de animais, inclusive aqueles nas regiões mais remotas do país. Além do povo haitiano ter recebido muito bem as nossas operações de socorro, sabemos que, no longo prazo, tais iniciativas farão toda a diferença”.
O trabalho no Haiti tem sido particularmente desafiador, até mesmo para organizações como a WSPA, com mais de quatro décadas de experiência e atuação em áreas assoladas por desastres em todo o planeta.
“Enfrentando os abalos menores e a eclosão de doenças que sucederam ao grande terremoto, além de uma turbulenta situação política colocando diariamente em risco a sua segurança pessoal, os membros da Coalizão, como o restante da população haitiana, ainda vêm deparando com inúmeros outros desafios”, afirma Huertas. “Mas graças ao apoio da administração local e o espírito incansável com que os membros da Coalizão têm executado este trabalho, podemos olhar para trás e constatar que, neste último ano, tivemos algumas conquistas de fato significantes. Num retrospecto, não seria injusto afirmar que esta provavelmente foi a melhor operação pós-desastre que realizamos para socorrer animais, focando-nos em um melhor preparo para calamidades futuras e, desde de o começo de nossos esforços, na redução de riscos”.
Neste último ano, os membros da Coalizão para Ajuda aos Animais do Haiti (ARCH)
Montaram uma clínica veterinária móvel, possibilitando a veterinários treinados viajar a áreas assoladas pelo terremoto e prestar assistência médica a milhares de cachorros, gatos, cabras, bois, cavalos e outros animais;
Trataram e vacinaram mais de 50 mil animais, garantindo a recuperação econômica de comunidades que dependiam destes animais para o seu sustento;
Vacinaram animais contra zoonoses graves, como a raiva e a doença de Newcastle, também indiretamente protegendo as comunidades humanas que convivem com estes animais;
Trataram animais contra doenças parasitárias, evitando um surto de diarréia, o qual teria potencializado o problema da cólera;
Lançaram uma campanha de conscientização visando a educar os haitianos quanto à prevenção contra desastres, além de questões ligadas à saúde de seus animais de criação e estimação;
Ajudaram a reconstruir e reaparelhar o Laboratório Veterinário Nacional;
Instalaram 12 unidades de refrigeração à base de energia solar, mantendo-as na temperatura ideal para a estocagem de vacinas e para a vacinação animal em todo o país;
Trabalharam com o Ministério da Agricultura, Recursos Naturais e Desenvolvimento Rural do Haiti para o desenvolvimento de uma estrutura capaz de monitorar e apoiar as iniciativas voltadas a saúde animal. Com o Ministério, esta equipe veterinária tem trabalhado na vigilância epidemiológica sempre que há suspeitas de raiva animal, estando apta a agir rapidamente na eventualidade de qualquer outra emergência;
Treinaram médicos veterinários na criação de uma força-tarefa voltada à Redução de Riscos com o Apoio da Comunidade, visando a melhor estruturá-la para o futuro.