Um novo modelo de política agrícola para garantir que pequenos e médios produtores rurais do País possam superar os problemas de renda. Esse foi o pedido da presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, à presidente Dilma Rousseff, durante o encerramento do seminário “Os Desafios do Brasil como 5ª Potência Mundial e o Papel do Agronegócio”, na última quarta-feira (23), em Brasília. O evento fez parte da programação que marca os 60 anos da CNA e 20 anos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
De Santa Catarina, dirigentes de 80 Sindicatos Rurais participaram do encontro, sob a liderança do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC) e vice-presidente de secretaria da CNA, José Zeferino Pedrozo.
O Seminário foi realizado no espaço Unique Palace e reuniu cerca de 1.500 pessoas, entre ministros, parlamentares, autoridades do Governo Federal, embaixadores e lideranças de diversas áreas de atividade. Foi realizada uma série de palestras de renomados especialistas a respeito de temas relevantes para o setor e para o Brasil, como renda rural, a nova política agrícola e o papel do agronegócio nos desafios do Brasil como 5ª potência econômica.
No encerramento do evento, a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu, pediu a elaboração de um novo modelo de política agrícola. A proposta vem sendo discutida há cerca de três anos entre a entidade e o Governo. A base deverá ser a criação de um cadastro único de propriedades rurais e de uma central de risco, com objetivo de oferecer mais transparência aos contratos de financiamento, e o pagamento de subvenções diretamente ao produtor, em substituição aos leilões.
“Queremos ser parte deste novo tempo para um Brasil sem miséria”, destacou a dirigente. Kátia Abreu afirmou ainda que o setor agropecuário quer fazer parte do crescimento do País, ajudando a economia brasileira a não ter maiores sequelas em momentos de crise e a manter os saldos positivos na balança comercial e nas contas externas. “Nossa contribuição fez com que o Brasil não fosse afetado pelas dificuldades que tem atingido as principais economias do mundo”, acrescentou.
A presidente Dilma Rousseff destacou o desenvolvimento do País aliado ao crescimento da produção agropecuária e da preservação do meio ambiente. “Talvez nós sejamos o único País do mundo que tem condições de ser potência agrícola e energética, sem deixar de ser potência de biodiversidade”, afirmou. Dilma enfatizou, ainda, o empreendedorismo do setor rural e lembrou que os investimentos feitos nos últimos anos permitiram o crescimento da produção agropecuária num ritmo muito superior à área plantada.
SEMINÁRIO
O talk show “Os desafios do Brasil como 5ª potência econômica mundial” reuniu especialistas em economia e agronegócio para debater de forma diferenciada o futuro da economia brasileira, seu potencial e a importância da agropecuária nesse contexto. Entre eles o ex-presidente do Banco Central e sócio-fundador da Gávea Investimentos, Armínio Fraga; o CEO do BTG Pactual, André Esteves; o ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes; o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, José Carlos Vaz, e o secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt.
Além dos debates, apresentações culturais e confraternização, a CNA prestou homenagem a quatro personalidades que se destacaram pelo trabalho e dedicação às questões do campo: o ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli; o fundador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Eliseu Alves; e in memoriam ao ex-presidente da CNA, Antônio Ernesto de Salvo. O ministro do Esporte e deputado federal, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), relator do novo Código Florestal brasileiro na Câmara dos Deputados, também foi homenageado como destaque político do ano.
O presidente da Faesc acompanhou os debates e apoiou os pedidos da senadora Kátia Abreu para garantir paz e segurança jurídica no campo. De acordo com o dirigente, o produtor rural quer preço justo para sua produção e, por isso, nos próximos anos o desafio será ajudá-lo a ser eficiente e competitivo. “É preciso investir nas linhas de crédito rural, assistência técnica de qualidade, programas de estímulo, etc, além de aperfeiçoar os mecanismos de comercialização e de intervenção no mercado”. Pedrozo acrescentou ainda que os debates trouxeram preocupações e desafios pertinentes para as entidades representativas do agronegócio, para que o setor continue crescendo cada vez mais fortalecido.
HISTÓRIA
Criada em 27 de setembro de 1951, a Confederação Rural Brasileira (CRB) iniciou suas atividades na então capital do País, Rio de Janeiro. Em 1964, a entidade passou a se chamar Confederação Nacional da Agricultura (CNA), quando foi reconhecida como entidade sindical superior e legítima representante dos produtores rurais brasileiros. Ao completar 50 anos, em 2001, a CNA adotou seu nome atual, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, valorizando assim a representação da atividade pecuária, que na época já era responsável por metade do Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária.
Em 2008, a senadora Kátia Abreu assumiu a presidência da entidade, tornando-se a primeira mulher a ocupar a liderança do setor, que hoje representa mais de dois milhões de produtores rurais. Entre as prioridades de sua gestão, estão a busca de maior segurança jurídica no campo, a modernização da legislação ambiental, um novo modelo de política agrícola, investimentos em infraestrutura e logística para melhorar o escoamento e reduzir os custos de produção, além do aperfeiçoamento do sistema de defesa sanitária vegetal e animal, entre outros.
Neste ano, Kátia Abreu foi reconduzida à presidência. O presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo, primeiro dirigente catarinense a compor a diretoria da CNA, assumiu como vice-presidente secretário.