Na última quarta-feira (20), a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) debateu junto a outras entidades do Agro, no Instituto Pensar Agro (IPA), o Projeto de Lei (PL) do Senado nº 201 de 2016, que visa liberar a comercialização de consumo e distribuição da carne de javalis. Para falar sobre o tema a ABCS convidou a pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, Virgínia Santiago Silva.
A agenda ocorreu de forma online e na oportunidade foi reforçada a necessidade da manutenção da saúde dos rebanhos de produção e os riscos que a comercialização e trânsito de suídeos asselvajados podem vir a comprometer o status sanitário do país. Assim como, os riscos que animais de caça, que podem ser reservatórios de patógenos, oferecem à segurança do alimento. Pois, o incentivo à caça e comercialização de suas carcaças, requer controles diferenciados e legislações pertinentes quanto aos órgãos responsáveis pela área, como Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA) de forma que não se coloque em risco a saúde pública.
Durante a explanação, a pesquisadora mostrou que o PL proposto estabelece condições para a comercialização, consumo e distribuição de produtos e subprodutos resultantes do abate desses animais, o que gera preocupação quanto ao perigo direto a saúde humana, por não haver legislações vigentes para a comercialização dos animais de caça, principalmente quanto a inspeção e correto trânsito até chegar aos abatedouros. “O resultado desse consumo é que poderá acarretar a disseminação de doenças contagiosas, já que os javalis são susceptíveis a diversos patógenos, podendo ser transmitidos pelo consumo de alimentos (zoonoses)”, destacou a pesquisadora Virgínia.
No atual momento, o Brasil, enfrenta discussões sobre a Peste Suína Clássica (PSC) e Peste Suína Africana (PSA), dessa forma incentivar a comercialização de suídeos asselvajados pode acarretar em um risco muito maior, já que muitos patógenos resistem a processos como a refrigeração, e necessitam de controles como o uso de calor para a carne poder ser consumida. Para a pesquisadora da Embrapa, se não houver regulamentações claras emitidas pelos órgãos competentes, o PL poderá incentivar o abate de animais e a comercialização de carcaças com alto risco de contaminações e disseminação de doenças. “Temos que lembrar que os javalis são animais de vida livre e sem programas de controles sanitários envolvidos em sua criação, não havendo procedimentos que assegurem a inocuidade do alimento a ser consumido”, disse Virgínia.
Ao final da reunião a ABCS sugeriu que os órgãos competentes sejam ouvidos nesse debate no Parlamento, como MAPA e MMA para que eles façam as devidas adequações e sugestões. Lembrando que o PL está em fase de tramitação conclusiva, pois já passou pelo Senado e está na Câmara aguardando o despacho do presidente da Casa.