A agricultura é a chave para enfrentar as necessidades futuras de água e energia, mas é preciso planejamento integral e maior atenção aos pequenos produtores, informou nesta quinta-feira (17) em comunicado a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). Quando a pressão sobre os recursos hídricos alcança níveis insustentáveis em um número cada vez maior de regiões, já não podemos manter a postura do “nada mudou” frente ao desenvolvimento econômico e a gestão de recursos naturais, advertiu o organismo.
A agricultura será a peça principal na implementação de uma gestão saudável de água, lembrou a organização da ONU durante a reunião internacional sobre água, energia e segurança alimentar que ocorre em Bonn, na Alemanha. Em declarações na Conferência Bonn Nexus 2011, o diretor-geral adjunto da FAO para Recursos Naturais, Alexander Müller, ressaltou que “lidar com os desafios de segurança alimentar, o desenvolvimento econômico e a segurança energética no atual contexto de desenvolvimento demográfico requer atenção renovada ao agronegócio.
A agricultura “pode e deve se transformar na coluna vertebral da economia verde do amanhã”, disse. A conferência de Bonn foi convocada pelo ministério federal de Cooperação e Desenvolvimento alemão como passo prévio à conferência da ONU “Rio+20” sobre desenvolvimento sustentável de junho de 2012. O evento reúne os principais atores do desenvolvimento econômico, de gestão dos recursos naturais e políticas ambientais e os setores alimentícios e energéticos, para estudar novos enfoques que permitam tramitar as interconexões entre os recursos hídricos, a energia e alimentos.
A FAO calcula que para alimentar a população mundial que irá alcançar 9 bilhões de pessoas em 2050, a produção mundial deve aumentar em 70%. A demanda global de energia vai aumentar 36% até 2035 e a concorrência pela água entre a agricultura, as cidades e a indústria vai se intensificar.
“Chegou a hora de parar de tratar os alimentos, a água e a energia como questões separadas e enfrentar o desafio de equilibrar de forma inteligente as necessidades destes três setores, aproveitando as sinergias e buscando oportunidades para reduzir o uso da água, ao invés de competir por ela”, explicou Müller.
O diretor da FAO defendeu que a agricultura está no centro do “vínculo água-energia-alimentos”. “Quando começamos a estudar a forma como vamos fornecer água, alimentos, luz, calefação e outros serviços e produtos para 9 bilhões de pessoas, fica muito claro que a agricultura é possivelmente o eixo de tudo”, acrescentou.
“Se temos vontade política e somos precavidos, podemos transformar a agricultura no motor da economia verde do futuro. Os sistemas agrícolas climaticamente inteligentes que fazem uso eficaz dos recursos como água, terra e energia vão embasar a economia agrícola do amanhã”.
Segundo a organização da ONU, enquanto a bioenergia oferece uma fonte potencial de energia limpa, a produção de culturas para bicombustíveis deve ser feita de forma que estimule o crescimento rural e ofereça oportunidades de emprego aos pequenos produtores rurais, ao mesmo tempo em que minimize o impacto ao meio ambiente.