Redação AI 12/07/2004 – 09h30 – O I Workshop Paulista da Estrutiocultura, realizado entre os dias 25 e 26 de junho de 2004, no auditório do Hotel Premium Norte, em Campinas (SP), comemorando o 1 Aniversário de Fundação da AEPE (Associação dos Empreendedores Paulistas da Estrutiocultura), foi um encontro que despertou grande interesse, se consagrando como um dos maiores eventos da Estrutiocultura Brasileira, em termos de captação de público, reunindo nos dois dias de workshop, cerca de 280 participantes, entre empreendedores, futuros empreendedores , técnicos, pesquisadores e profissionais liberais do setor estrutiocultor.
“Cases Empresariais” são a grande atração
A abertura do Workshop, com “cases empresariais” se mostrou extremamente produtiva, onde cada palestrante, explanou sobre sua empresa, comentando de forma curta e objetiva, qual a filosofia empresarial da mesma, e o que pensava sobre o agronegócio da Estrutiocultura no Brasil.
A Pé Forte, um dos maiores criatórios do Brasil, representada por seu diretor comercial, o sr. Mauro Paternez, enfatizou o sucesso que a empresa vem conseguindo, utilizando o mane o Israelense, e comentou sobre a importância do criador em “bater” a sua própria ração, a fim de diminuir custos e ter mais controle sobre a criação, conseguindo por exemplo, mudar o período de postura de forma mais racional.
De acordo com o sr. Celso Carrer, presidente do Grupo Ostrich do Brasil, a fabricação de ração dentro da própria propriedade, é basicamente uma questão de escala. O criador deve estar atento, que caso o mesmo não tenha uma escala mínima de consumo, pode acabar vindo a ter prejuízo, comentando que não recomendaria que criadores com menos de 100 casais a fazerem sua própria ração. “Se colocarmos na ponta do lápis, não é compensador financeiramente!”, afirma Celso Carrer.
A Cooperavestruz, representada pelo seu diretor comercial, o sr. Demetrius Panagoulias, focou a importância da qualidade genética dos animais, comentando que o matrizeiro da cooperativa, está sendo formado paulatinamente a partir de importações da África do Sul. O sr. Demetrius, ressaltou também a importância da nutrição das aves, tendo optado por fazer sua própria ração, com base em formulações Australianas, tropicalizadas às situações do clima brasileiro, com manejo Sulafricano.
A CECCASP (Cooperativa de Exploração Comercial da Cadeia Produtiva do Avestruz do Estado e São Paulo), foi apresentada por seu presidente, o sr. Klaus Saito, que apontou a visão empreendedora da cooperativa como grande diferencial dentro do mercado. “Estamos investindo na Capacitação Profissional de nossos cooperados, realizando cursos de PCR ( Programa de Capacitação Rural) com apoio do SEBRAE e SAI (Sistema Agroindustrial Integrado).”
Das empresas que já industrializam a carne de avestruz, estavam presentes a Avestro e Benne Vita. Do ponto de vista da Avestro, representado pelo sr. Horácio Penteado, Diretor Industrial da empresa, o mercado nacional de carne de avestruz é franco comprador, e anunciou de forma enfática, que permanecerão no negócio, apenas aqueles que conseguirem fornecer um produto de qualidade, com uniformidade de padrões, boa logística de distribuição e freqüência de fornecimento, pontos fundamentais para fidelizar o cliente. A Avestro, de acordo com o sr. Penteado, realiza seus abates em Amparo (SP), terceirizando os serviços do Frigorífico Marchiori, e já atua nos mercados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e Distrito Federal.
A Benne Vita, atuando apenas no mercado gastronômico de São Paulo, realiza seus abates no frigorífico Cowpig, situado em Boituva (SP). O sr. José Roberto, diretor da Benne Vita, salientou que devido ao Brasil, concomitantemente, viver a fase de formação de plantel, paralela à fase de industrialização, a oferta de aves ainda é escassa, o que impele a empresa, a conter uma divulgação mais agressiva da carne de avestruz, pois ratificando o comentário proferido pelo sr. Penteado (Avestro), o mercado nacional é fortemente comprador, e muita divulgação pode gerar uma demanda frustrada, o que seria péssimo para o negócio.
A Ave Struthio estava presente, e contribuiu no tópico Comercialização, expondo a experiência da empresa, que foi a pioneira em vender a carne de avestruz no Brasil, quando em 2000, começou a comercializar carne de avestruz importada do Grupo El Monte (Espanha). Luis Robson Muniz, diretor da Ave Struthio, preferiu se ater mais à importância do apelo mais abrangente do marketing da carne de avestruz, comentando que se deve evitar os termos: carne exótica, especial ou nobre; adjetivos restritivos ao consumo, na medida que identificam um nicho muito elitista; devendo-se em sua opinião, substituí-los pelas qualidades organolépticas da carne de avestruz: carne vermelha, saborosa e saudável. “Desta forma, estaremos contribuindo com sua culturalização, e não faremos perigosamente, seu vaticínio como um produto apenas para a elite, fato pontual, mas não para todo o sempre! “
Terminada a apresentação dos cases empresariais, deu-se prosseguimento a uma mesa redonda com o Tema Atualidade e Tendências da Estrutiocultura Brasileira, coordenada pelo sr. Mauro Branco Cândido Ferreira, 1 Secretário da AEPE, que se mostrou muito rica nas discussões, que invariavelmente recaíram sobre o prisma da cadeia produtiva.
AEPE Apresenta Portal Exclusivo e Valoriza o Segmento Estrutiocultor
Inauguração do Portal da AEPE
Após a mesa redonda sobre o futuro da Estrutiocultura Brasileira, o Sr. Michel Bottan, diretor da Tropa Soluções Interativas, empresa responsável pela criação profissional de sites, inaugurou oficialmente o Portal da AEPE ( www.aepe.com.br ), realizando uma breve demonstração tutorial do Portal, salientando que o projeto de webdesigner desenvolvido no Portal da AEPE, contempla com objetividade, as seguintes propostas:
1- Divulgar as atividades institucionais, associativas e departamentais da AEPE.
2- Fornecer informações sérias e balizadoras sobre a cadeia produtiva do avestruz, sendo uma referência no mercado estrutiocultor.
3- Melhorar a comunicação entre a Diretoria e seus associados (intranet).
4- Prestigiar seus associados divulgando de forma diferenciada seus produtos e serviços.
5- Ser um canal interativo com o público interessado na Estrutiocultura ( futuros criadores, empreendedores, simpatizantes e curiosos em geral), atendendo pontualmente sua demanda de questionamentos sobre o agronegócio da Estrutiocultura.
6- Divulgar de forma sistemática os produtos do avestruz, buscando sua culturalização, dentro do hábito de consumo da população Brasileira.
“Sem dúvida o setor se tornará mais organizado e profissional, uma vez que, quanto maior é o grau de informação, menor será o nível de especulação e discrepâncias dentro do segmento”, concluiu Michel Bottan, ao finalizar sua apresentação e parabenizar a todos pela nova “morada” da AEPE na Internet.
Jantar comemorativo reuniu convidados ilustres
Ao fim dos trabalhos do primeiro dia do workshop, os participantes e convidados, se deliciaram com um jantar de gala, onde como não poderia deixar de ser, tinha a carne de avestruz como prato principal. No menu do Restaurante Premium Norte, o Maitrê Claudeir, privilegiou o paladar dos convivas com o prato carinhosamente nomeado Filé AEPE ao Funghi, que foi muito apreciado e elogiado por todos.
Presentes ao jantar, estavam as seguintes autoridades: sr. Marcos Cerqueira, da CODEAGRO (Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios) e Coordenador da Câmaras Setoriais da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Dr. Ariel Antonio Mendes, VicePresidente Técnico Científico da UBA(União Brasileira da Avicultura), Sra. Mari Judite Zago, Presidente da ABRE(Associação Brasileira de Estrutiocultura), Dr. Nelson Beraquet, Chefe do CTC (Centro de Tecnologia de Carnes do ITAL (Instituto de Tecnologia de Alimentos de Campinas), Sr. Massa Fumi, Chefe do SIPA (Serviço de Inspeção dos Produtos de Origem Animal) do Ministério da Agricultura (SP), Dra. Maria Teresa Motefusco, Inspetora Federal do SFFA (Serviço de Fiscalização e Fomento da Produção Animal) do Ministério da Agricultura (SP), Dr. Urbano Corrêa Meirelles, Inspetor Federal de Abatedouros do SIF (Serviço de Inspeção Federal) (SP), Sr. Cláudio José Ferrão, agente de negócio do SAI (Sistema Agroindustrial Integrado), sr. Sebastião dos Santos, vereador de Campinas, sr. Mauro Vitor da Silva, vereador de Paulínia , e o sr. José Cláudio Castoldi, Presidente do Rotary Club de Paulínia.
Em um clima de bastante descontração e alegria, ao final do jantar, o vice-presidente da AEPE, o sr. Julio Cabrino, com seu carisma contagiante, convidou todos a cantarem o Parabéns a Você, para a AEPE, em comemoração ao primeiro aniversário da entidade. Foi um momento de grande espontaneidade da festa, que fechou o primeiro dia do evento com chave de ouro.
Segundo Dia de Evento Contou com Palestras e Ética no Setor
IX Assembléia da AEPE ratifica o Código de Ética
No sábado (26/06), às 9:30h, dando continuidade ao I Workshop Paulista da Estrutiocultura, foi realizada a IX assembléia da AEPE, que teve em sua pauta como de praxe, a leitura e aprovação da ata da assembléia anterior, demonstração da planilha financeira, e atividades diversas que estão em andamento pela entidade. Ressaltando-se o término do texto do Código de Ética da AEPE, que agora passa a vigorar, e que na visão do Sr. Valmir Brustolim, 2o. Tesoureiro da AEPE, será um grande divisor de águas, pois marcará o início do compromisso oficial, de todos os associados da AEPE, em honrarem nos seus contratos negociais, bons préstimos de serviços e produtos, e jamais, de forma premeditada incorrer em artifícios que prejudiquem a terceiros. “Estamos procurando criar uma ambiência, onde a seriedade e honestidade, sejam premissas inerentes aos negócios fechados pelos associados de nossa entidade; o que sem dúvida, contribuirá significativamente para separarmos o “joio do trigo”, ao mesmo tempo, em que deve facilitar e aquecer os negócios de nossos associados”, afirma com segurança Brustolim.
Palestras Técnicas fecham o workshop
Após a IX Assembléia da AEPE, os participantes do I Workshop Paulista da Estrutiocultura, assistiram a uma série de palestras técnicas, com os seguintes temas: Legislação, Biosseguridade, Abate Humanitário e Controle de Qualidade.
Para abordar a questão sobre a Legislação, a Dra. Maria Tereza Montefusco, inspetora federal do MAPA, salientou a importância do registro do estabelecimento dos criadores em conformidade com as instrução normativa no. 02, de 15 de fevereiro de 2003, comentando que a mesma deve sofrer algumas alterações, que na sua opinião, favorecerá aos criadores, a maior possibilidade de se enquadrarem às normativas do MAPA.
Quanto à Biosseguridade,o Dr. Luciano Doretto, Superintendente do Departamento Técnico da AEPE, enfatizou que o Brasil está ganhando muita notoriedade internacional, como exportador agropecuário, e que para manter seu “status quo”, não pode em hipótese alguma, afrouxar ou prevaricar no quesito biossegurança, dando ênfase ao atual surto de repercussão mundial da Influenza Aviária, comentando sobre as estratégias do MAPA e UBA (União Brasileira de Avicultura), em evitar que tal doença chegue ao Brasil.
O Dr. Ariel Antonio Mendes, em sua palestra sobre uma proposta para a implantação de um Controle de Qualidade para a Estrutiocultura Brasileira, apontou que um programa de Selecionamento Genético, estudos para Tipificação de Carcaça; bem como, implantação do sistema de Rastreabilidade para a Estrutiocultura, são passos básicos e emergentes que o setor deve trilhar, objetivando sua consolidação como um agronegócio auto-sustentável, tanto do ponto de vista de mercado interno, como para a exportação.
A palestra sobre Adaptações de Frigoríficos de Bovinos para Abate Humanitário de Avestruzes, apresentada pelo Dr. Urbano Correa Meirelles, inspetor federal do SIF, foi bastante objetiva e pragmática, mostrando em seus trabalhos, que o processo de eletronarcose (insensibilização por choque elétrico), é bem mais próprio e seguro para o abate humanitário de avestruzes, do que o dardo cativo, aplicado sob pressão pneumática. O palestrante terminou concluindo, que o abate de avestruzes em abatedouros de bovinos, é perfeitamente viável , prático e economicamente compensatório.
Em tempo, a Sra. Mari Judite Zago, presidente da ABRE, se fez presente, esclarecendo aos participantes do workshop, sobre as últimas atividades da ABRE no âmbito institucional, terminando seu discurso, elogiando toda a diretoria da AEPE pelo excelente trabalho desenvolvido ao longo do 1o. ano de atividades da entidade, externando o apoio da ABRE, para futuras interações associativas, com o foco de divulgar e dar subsídio técnico-científico à Estrutiocultura Brasileira.
O presidente da AEPE, sr. Luis Robson Muniz, encerrou as atividades do I Workshop Paulista da Estrutiocultura, com um breve histórico da AEPE, ressaltando que a entidade em um ano de vida, conseguiu criar um canal de conversação mais produtivo com o MAPA, e integrar mais o setor estrutiocultor, com a premissa da tríade: empreendedorismo, visão sistêmica, e globalização da Estrutiocultura.
E concluiu: “Não foi ficando de braços cruzados, que conseguimos triplicar nosso quadro associativo, ( de 16 fundadores, para os atuais 48 associados ). E se as conquistas foram muitas, simplesmente, foram frutos de muitas cabeças e mãos, que trabalharam, e continuarão trabalhando de forma firme e transparente dentro da AEPE, em prol da Estrutiocultura Brasileira”
Ao término das atividades do workshop, todos se dirigiram para as dependências externas do Hotel Premium Norte, onde à beira da convidativa piscina da área de lazer, os participantes se confraternizaram, apreciando um bom churrasco, onde a lingüiça com carne de avestruz foi bastante exaltada.