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Agricultor dá sua opinião

Pesquisa inédita aponta o que o homem do campo espera do novo presidente.

Da Redação 20/11/2002 – Acostumados a entrevistar produtores rurais sobre as mais diferentes culturas, pesquisadores da Kleffmann saíram a campo dessa vez com mais uma missão: o que eles esperam do novo presidente que assumirá o governo em
janeiro de 2003.

A Kleffmann, instituto especializado em pesquisa agropecuária, ouviu 2.027 produtores dos mais importantes estados agropecuários do país: Bahia, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Foram entrevistados produtores das principais culturas nacionais, como soja, milho, algodão,  café e arroz, e outros de culturas menores, como mandioca, mamona, girassol, etc., além de pecuaristas.

Essa foi uma pesquisa inédita para a Kleffmann, que atua no mercado agropecuário desde 1997. A amostragem, que conta apenas com o homem do campo, mostra que os agricultores, responsáveis por 30% do PIB nacional, sabem muito bem o que esperam do novo governo.

Os pesquisadores da Kleffmann colocaram uma pergunta aberta, em que os produtores rurais deveriam enumerar as três prioridades do novo governo. Entre os entrevistados, 18,3% não responderam a essa questão. Mas 17,2% disseram que esperam investimentos na agricultura. E, ao contrário do que se imagina, o produtor rural também tem expectativas idênticas às da população urbana. Tanto é que a segunda preocupação deles é com a saúde (9,2%), a terceira, com a segurança pública (8,9%) e a quarta, com a educação (6,6%).

Entre os entrevistados, 4,8% esperam que o novo governo mantenha a estabilidade da moeda e 4,3% querem a definição de uma política agrícola. Outros 3,3% pedem financiamento para a agricultura e 2,7%, subsídio. Alguns produtores também lembraram da importância de o novo presidente combater o subsídio agrícola norte-americano, rever a reforma agrária, investir em pequenas propriedades e em seguro agrícola, além de regulamentar o cultivo transgênico.

Prioridades

Entre os entrevistados da Kleffmann que fizeram as sugestões para o novo governo, a maioria deles, 17,2%, disse que é preciso haver mais investimentos na agricultura. Essa questão é unanimidade em todos os estados, mas as demais prioridades variam de região para região. Por exemplo: enquanto 9% dos entrevistados de São Paulo acham que a segurança pública está entre as três principais prioridades do novo presidente, em Santa Catarina, onde os índices de violência são bem menores, essa questão
fica em sétimo lugar. Os catarinenses acham mais importante investir na agricultura, saúde, educação, estabilidade da moeda, criar uma política agrícola e novas linhas de financiamento para o setor.

Na Bahia, 13% dos entrevistados pedem financiamento para a agricultura e apenas 1% diz ser importante investir na educação, 5% acham que é preciso haver mais investimentos em saúde e 6% se preocupam com a segurança pública. Outros 3% dos baianos querem que o novo governo combata o subsídio americano e 3% sugerem um seguro agrícola.

A segurança pública é a preocupação de muitos entrevistados. Em Goiás, 12% querem mais segurança. Em Minas Gerais, Mato Grosso e Paraná, esse percentual é de 10%. Ou seja, os agricultores desses quatro estados, assim como os paulistas, consideram essa uma das três prioridades do novo governo.

O que se nota, nessa pesquisa da Kleffmann, é que o novo presidente precisa entender que os problemas da sociedade brasileira também afligem o agricultor, porque ele também faz parte dessa sociedade. Embora reivindique um olhar mais atento às questões do agronegócio, o produtor rural também se preocupa com os problemas tipicamente urbanos, como segurança pública, saúde, educação, emprego, habitação, etc.