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Agricultores bloqueiam agências do BB

<p>Com tratores sobre as calçadas, produtores intensificam protestos; esperança está no pacote do governo. </p><p></p>

Redação (23/05/06)- Ontem, os agricultores trocaram o protesto nas rodovias pelas agências do Banco do Brasil no Paraná. Segundo informações do banco, foram registradas manifestações em 11 cidades – Alvorada do Sul, Ibiporã, Apucarana, Rolândia, Arapongas, Jaguapitã, Sertanópolis, Primeiro de maio, Jataizinho, Centenário do Sul e Cambé.

De acordo com a assessoria de imprensa do banco, houve dificuldade de atendimento ao público em agências destas 11 cidades. Em Alvorada do Sul, todas as agências bancárias, o Correio e as lotéricas foram bloqueados. O comércio também fechou em apoio aos agricultores. Em Apucarana e Arapongas, tratores e colheitadeiras ocuparam as calçadas e impediram o acesso de funcionários e clientes.

Em Rolândia, os produtores rurais fizeram uma barreira com sacas de grãos para impedir o acesso a caixas eletrônicos. O assessor econômico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Carlos Augusto Albuquerque, disse que os agricultores vão esperar até o dia 25, o pacote de investimentos chamado de “”Plano Safra””. Segundo ele, caso o governo não anuncie as medidas para apoiar os produtores rurais eles vão voltar para as ruas para realizar manifestações. Albuquerque lembrou ainda que o governo federal pretende equacionar R$ 12 bilhões em dívidas dos agricultores.

Em Jaguapitã (46 km ao norte de Londrina) mais de cem produtores se concentraram ontem na avenida principal, desde às 7h30. Os comerciantes não fecharam as portas, mas apóiam o movimento. Cinco tratores foram colocados na calçada da agência, bloqueando a porta de entrada. Outras dez colheitadeiras ficaram espalhadas pela rua, impedindo o trânsito de veículos.

Os manifestantes impediram a entrada de funcionários na única agência do Banco do Brasil da cidade. O gerente da agência, que não quis se identificar, ainda tentou negociar com os agricultores, mas não conseguiu entrar no banco. Vários funcionários também ficaram do lado de fora da agência, por causa da manifestação.

Alguns clientes que precisaram utilizar os serviços bancários e não tiveram acesso, reclamaram. Maria Domingues, 39 anos, e uma amiga que preferiu não se identificar, foram até a agência para retirar o vale fornecido pela empresa, mas não puderam sacar o dinheiro. “”Isso é um absurdo. Não sei onde vamos parar com isso. Preciso do dinheiro para pagar minhas contas””, reclamou Maria.

De acordo com informações da Polícia Rodoviária Estadual, ontem foram registrados protestos em apenas três trechos – na PR 317 km 165 de Peabiru a Engenheiro Beltrão, na BR 376 km 169 em Marialva e na BR 369 em Cascavel no trevo de Juranda. Segundo informações da América Latina Logística (ALL), não houve nenhum bloqueio de rodovias ontem.

As manifestações do chamado “”Grito do Ipiranga”” começaram no dia 16 de maio com 116 trechos de rodovias interditadas. Na última quarta-feira, os trechos bloqueados caíram para 47, na quinta-feira para 30 e na sexta-feira para 17.

Hoje será em frente à SRP em Londrina
Em Santa Mariana (16 km a leste de Cornélio Procópio) os agricultores também voltaram a protestar. Dezenas de produtores rurais foram para a BR-369, mas diferente da semana passada não bloquearam a rodovia. “”Estamos apenas no acostamento. Decidimos assim porque não queremos que a comunidade fique contra o protesto””, disse o agricultor Genésio Andrade Kandere. Segundo ele, a mobilização permanece até o dia 25 quando o presidente Lula anunciará medidas para ajudar os agricultores. Kandere informou que se o Governo não atender a categoria, os protestos serão mais fortes.

Hoje, a concentração de produtores de toda a região será a partir das 8 horas, em frente ao Parque de Exposições Ney Braga, sede da Sociedade Rural do Paraná (SRP), em Londrina. Em seguida, os produtores irão percorrer, em tratoraço, as ruas centrais da cidade. A concentração será no calçadão, em frente à superintendência do Banco do Brasil. A agência bancária não deverá ser fechada, mas os manifestantes prometem, inclusive, parar tratores e máquinas agrícolas em pleno calçadão. 

Manifestação tem apoio do comércio
A chuva tão esperada trouxe um pouco mais de ânimo aos agricultores da região e não impediu a continuidade das manifestações em várias cidades no norte do Estado. Em Jaguapitã, Alvorada do Sul, Sertanópolis e Primeiro de Maio, tratores e colheitadeiras foram colocadas, estrategicamente, em frente às agências do Banco do Brasil, impedindo a entrada de funcionários e clientes. A medida pretende chamar a atenção e pressionar o governo para que as reivindicações dos agricultores sejam atendidas.

“”Temos que pressionar o governo. Precisamos de juros compatíveis e prazo maior para pagar as dívidas. Se no dia 25 o pacote do governo não atender nossas reivindicações, vamos radicalizar e fechar novamente as rodovias””, afirmou um dos produtores de Jaguapitã.

Cerca de 300 produtores fizeram um enterro simbólico da agricultura e utilizavam faixas pretas em sinal de luto. As faixas também foram colocadas nas portas de lojas. Uma comissão de agricultores entregou um manifesto à gerência do Banco do Brasil, solicitando prazo maior para saldar as dívidas. “”Não queremos o perdão da dívida, mas prazo para pagar””, afirmou o agricultor José Firmani.

Em Primeiro de Maio (61 km ao norte de Londrina) a agência do Banco do Brasil também só funcionou internamente. Cerca de 600 produtores rurais acompanhados de mulheres e filhos participaram da manifestação, que terminou com um passeata pelas principais ruas da cidade.

Logo na entrada de Sertanópolis (40 km ao norte de Londrina) faixas pretas colocadas nas portas do comércio indicavam que “”a agricultura está de luto””. Os produtores cercaram a entrada da agência do Banco do Brasil, com fitas e máquinas. Velas pretas foram queimadas na porta do banco. Os clientes não puderam entrar.

A cidade que tem cerca de 500 produtores, também recebe o apoio dos comerciantes, apesar de ontem, o comércio não ter baixado as portas. Uma faixa fixada em frente ao Banco do Brasil pela Associação Comercial, indicava o apoio. Os produtores mantiveram a manifestação até o final da tarde. Em todas as manifestações viaturas da Polícia Militar estiveram presente apenas acompanhando o movimento. Não houve tumulto.