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Agronegócio brasileiro vive paradoxo, diz Furlan

<p>O Ministro participou nesta terça-feira (01-08) da abertura do 5o. Congresso Brasileiro de Agribusiness em São Paulo.</p>

Redação (02/08/06)- Apesar dos inúmeros problemas que afetam o agronegócio brasileiro, como quebra de safra por questões climáticas e por pragas, alta carga tributária, precária infra-estrutura que onera a produção e taxa de câmbio desfavorável, o Brasil se firma no mundo como grande produtor rural, conquista mercados, tem cada vez mais voz ativa nas negociações internacionais e vê suas exportações agrícolas baterem recordes. Esse é o grande paradoxo do país, segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, que participou nesta terça-feira (01-08) da abertura do 5 Congresso Brasileiro de Agribusiness, no Gran Hotel Meliá, em São Paulo. No segundo dia do evento serão apresentados os vídeos com depoimentos dos candidatos a presidente sobre a agenda de propostas para o agronegócio.

“Com exceção de alguns setores específicos, como o de grãos e oleaginosas, a agricultura brasileira tem apresentado bons números e mostra a força do país. Tanto que outros mercados já temem a força do agronegócio brasileiro”, afirmou Furlan, que admitiu faltar ainda muito por fazer. “Nós do governo, temos essa consciência. Se o discurso que Lovatelli (Carlo Lovatelli, presidente da Abag) fez hoje fosse o da edição passada, teria acertado na mosca em 80% dos tópicos abordados.”

Lovatelli abriu a cerimônia inaugural do evento lembrando que o agronegócio brasileiro é esteio da economia brasileira, acumulando nos últimos quatro anos um saldo comercial de US$ 116,3 bilhões. “O desempenho das exportações é festejado, mas não incentivado. O saldo poderia ter sido muito maior, se o tratamento à política cambial tivesse sido outro e se a orientação da atuação brasileira nas negociações internacionais de comércio também tivesse sido outra”, disse.

O presidente da Abag cobrou respaldo do governo na elaboração de políticas publicas que garantam ao setor competitividade e um ambiente seguro para atrair investimentos. “É imprescindível que a ideologia seja afastada das áreas onde deve prevalecer o bom senso, a transparência e a retidão”, disse ele, lembrando que o intuito do congresso da Abag é estabelecer as bases para o futuro. “Os nossos desafios são os de alimentar o homem com energia, e suprir os motores dos homens com energia, de forma sustentável. Por isso, as projeções necessariamente, ou melhor, essencialmente, precisam levar em consideração as rupturas tecnológicas, econômico-sociais e ambientais”.

O recém-empossado ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Luis Carlos Guedes Pinto, admitiu que o setor público agrícola não acompanhou o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, mas garantiu que o governo está atento às demandas.

“Estamos trabalhando para aumentar a profissionalização do Ministério e seguir o planejamento estratégico traçado pelo ex-ministro Roberto Rodrigues para dar apoio ao agronegócio e gerar riquezas para o país”, afirmou o ministro Guedes Pinto. “Nesses últimos três anos e meio criamos diversos instrumentos para minimizar as crises periódicas que atingem o setor, como por exemplo o seguro agrícola, cuja lei foi criada por este governo”, lembrou.

Segundo Guedes Pinto, a alocação de recursos do governo federal para o setor tem que ser analisada como um todo, e não apenas observando o orçamento do Ministério da Agricultura. “Demos um apoio de R$ 1 bilhão aos produtores de soja, o que não acontecia há 20 anos. O agronegócio brasileiro terá este ano cerca de R$ 3 bilhões, somando-se diversas iniciativas do governo. Esse valor é três vezes o orçamento do Ministério da Agricultura deste ano.”

No último discurso da cerimônia de abertura do congresso, o governador de São Paulo Cláudio Lembo enfatizou a importância da revisão da lei federal que trata da obrigatoriedade de toda propriedade rural ter 20% de área de reserva legal. “Esse tema é muito polêmico porque a lei vale para todo o país, não respeitando as especificidades de cada região. Um produtor de São Paulo ou Paraná não tem a mesma facilidade de cumprir essa lei que um agricultor do Pará ou Mato Grosso”, analisou Lembo.

Homenagem:
O agronegócio brasileiro é um dos mais inovadores e competitivos do mundo, mas para atingir a excelência completa é preciso se organizar melhor politicamente, afirma o ex-ministro da Agricultura no governo Ernesto Geisel (1974-1978), Alysson Paolinelli, homenageado neste primeiro dia do 5 Congresso Brasileiro de Agribusiness da Abag (Associação Brasileira de Agribusiness) como Personalidade do Agronegócio 2006.

“Temos um tripé em que falta ainda uma das pernas. Temos tecnologia e conhecimento suficientes para competir com qualquer agricultura do mundo e uma classe empresarial do campo ativa e inovadora, mas o produtor brasileiro é muito competente da porteira para dentro. É preciso se organizar melhor politicamente. Por isso me entusiasmo quando vejo um encontro como esse da Abag, que propõe mais participação política, mais ação”, afirma Paolinelli, um dos mais respeitados pesquisadores brasileiros na área agrícola, que em junho deste ano recebeu o Prêmio Mundial de Alimentos (World Food Prize), considerado o Nobel da agricultura.