O preço da carne de frango segue em alta na região metropolitana de Porto Alegre, mas mostra sinais de ritmo menor. No acumulado de 12 meses fechados em maio, o valor do frango em pedaços cresceu 12,79% na Grande Porto Alegre, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta é menor na comparação com o recorte do mesmo período do ano passado, quando a variação ficou em 16,85% em 12 meses, fechados em maio de 2021.
Mesmo com passadas menos largas, o avanço no preço do frango em pedaços segue acima da média da inflação no mesmo período na Região Metropolitana, que está em 10,79%. Uma das principais fontes de proteína na hora de substituir a carne bovina no cardápio, o frango costuma ser observado com atenção pelos consumidores na hora de fazer as compras. Dentro do IPCA, inclusive, a alta no frango em pedaços ocorre em patamar maior ante alguns tradicionais cortes de carne, como a costela
O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, afirma que o preço do produto segue em alta ainda em razão dos custos de produção. A pressão no valor dos principais componentes da ração na avicultura segue presente no dia a dia dos produtores, segundo o dirigente.
— Temos algumas coisas que contribuem para o aumento de preço, como o diesel, a energia elétrica, embalagens. Esse processo inflacionário geral incide em alguns insumos. Mas o preço não está subindo por causa dessa inflação. O valor do frango sobe por aqueles mesmos motivos que nós falamos lá atrás. O milho e o farelo de soja estão em patamares muito elevados e continuaram a subir — explica Santin.
Em relação à desaceleração na alta de preços, o presidente da ABPA destaca que esse movimento ocorre na esteira da oferta de milho. O preço desse grão vem estabilizando e a perspectiva de uma boa safrinha, que ganha força na colheita em agosto, influencia no arrefecimento na alta de preço da proteína do frango, segundo o executivo:
— A nova safra está chegando e faz com que tenha uma oferta melhor de milho no mercado. Com isso, o setor descola dos processos especulativos que aconteceram em outros picos de preço.
O economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), afirma que fatores locais, como a proximidade com criadouros, podem pesar nesse efeito de desaceleração na alta de preços em algumas regiões. Esse fator garante fluxo maior de animais e atendimento à demanda, segundo o especialista:
— O mercado local pode antecipar um efeito que as outras cidades e regiões vão registrar. Até porque o frete está subindo por causa do diesel. Isso também encarece o envio de mercadorias para outras cidades.
Na variação mensal neste ano, o comportamento dos preços do frango em pedaços apresenta oscilação, com quedas nos primeiros meses do ano e alta nos seguintes.
Na média nacional, o cenário é diferente. No país, o frango em pedaços tem alta maior em comparação ao Estado e ao mesmo período do ano passado. O produto registrou variação de 22,71% em 12 meses no Brasil. No mesmo recorte de tempo no ano passado, a alta foi de 14,69%.
O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, afirma que a pressão nos custos de produção segue respingando no varejo, que tenta negociar preços diferenciados para manter preços estáveis nas prateleiras.