O Amazonas é uma das potências nacionais na produção de Gás Natural (GN). Porém, ainda tem um longo caminho a percorrer para o desenvolvimento de outras fontes de energias limpas, especialmente a solar, apontada por especialistas como o modelo energético sustentável de maior capacidade para crescimento no estado.
Desde que o Amazonas despontou com o protagonista na produção de GN, após a criação do Gasoduto Urucu-Coari-Manaus, em 2009, o combustível se tornou a principal fonte de energia limpa na região.
No entanto, por mais que seja uma das ferramentas de combate ao efeito estufa, o GN não é propriamente uma fonte de energia renovável, justamente por ser finito.
Por conta disso, especialistas chamam a atenção para o fato de que outras fontes bioenergéticas são subaproveitadas no estado, especialmente a energia solar fotovoltaica, aquela obtida por meio de painéis solares.
Apesar do potencial deste modelo energético, o Amazonas é apenas o 24º estado no ranking nacional de produção de energia solar, com 49,1 megawatts de potência instalada, segundo levantamento realizado pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), realizado neste ano.
Há ainda outras fontes de energia limpa, que não são comumente utilizadas no Amazonas, como as energias hidráulica, eólica, maremotriz e geotérmica, por exemplo.
Qual a produção da energia limpa mais utilizada no Amazonas?
Segundo a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), o gás natural é a principal fonte de energia considerada limpa utilizada no estado.
Em 2021, o Ministério de Minas e Energia informou que o Amazonas foi o terceiro maior produtor de gás natural do Brasil, com 14 milhões de metros cúbicos por dia. Esse gás é um combustível fóssil encontrado no subsolo, e é resultado da degradação de matérias orgânicas.
Por que é preciso buscar novas fontes renováveis?
A engenheira elétrica e ambiental Carmem Melo lembra que apesar de o crescimento do gás natural na matriz energética do estado ser positivo, é imprescindível se pensar em outros modelos, especialmente pelo fato do GN não ser uma fonte renovável.
“Mesmo sendo considerada uma energia limpa, é bom ressaltar que o GN não é uma fonte renovável, justamente porque não possui a capacidade de ser reposto naturalmente em nosso bioma. Ao contrário da energia solar fotovoltaica, que é um modelo de obtenção de energia que o Amazonas também possui grande potencial, mas ainda não recebe os investimentos como deveria”, diz a engenheira.
Quais os potenciais do Amazonas na geração de energia solar?
O engenheiro elétrico Lucas Silva explica que se tratando de produção energética fotovoltaica, território amazonense, por ser coberto pela floresta amazônica e estar próxima à linha do equador, possui algumas desvantagens em relação ao Nordeste e Centro-Oeste do país, mesmo assim, esses aspectos não comprometem o potencial do maior estado do país neste polo de geração de energia.
“Essas características geográficas até podem impedir o estado de atingir grandes níveis de radiação, mas há outros elementos que proporcionam eficiência na produção desse modelo. O território do Amazonas, por si só, que é de tamanho continental, já é algo muito positivo”, explicou a engenheiro.
O fato do Amazonas ser caracterizado pelo tempo firme na maior parte do ano também é outro fator que reforçar o potencial do estado.
“Diferentemente de outras regiões, no estado, nós não temos as estações bem definidas. Aqui, faz sol praticamente o ano inteiro, então isso garante uma regularidade em relação à produção de energia solar”, concluiu.
Como a luz do sol se transforma em energia?
Lucas Silva explica que a energia solar se transforma em eletricidade após um processo no qual as partículas de luz solar colidem contra os átomos que estão no painel fotovoltaico.
Esse encontro acaba gerando movimento dos elétrons, surgindo, assim, a corrente elétrica de energia solar fotovoltaica.
Energia solar realmente compensa financeiramente?
No Amazonas, são, ao menos, cinco empresas atuando no setor. Em um levantamento realizado pelo g1, o preço de instalação de placas solares variou de acordo com o tamanho e consumo de energia dos imóveis ou estabelecimentos.
Uma família que gasta, em média, R$200 de energia deverá desembolsar ao menos R$ 20 mil para a implementação de um sistema de energia solar. Apesar do alto custo, especialistas apontam que o investimentos retornam com o passar dos anos, já que o preço dos gastos pelo consumo mensal com eletricidade despencam.
Há também empresas que instalam painéis em parques solares, e fornecem energia diretamente a residenciais e empresas, onde não há viabilidade para abrigar os painéis.
“Considerando que todo esse sistema de geração de energia dura por mais de duas décadas, é certo que após cinco ou seis anos, os consumidores já sentirão no bolso o retorno desse investimento”, comenta Marcelo Lima, um empresário do ramo em Manaus.
Políticas de incentivo
Apesar de ainda estar longe do ideal, a legislação voltada ao incentivo de energias renováveis tem ganhado força no Amazonas.
No final de 2020, o governo estadual sancionou a Lei Nº 5.350, para incentivar o aproveitamento de fontes renováveis de energia, prevendo concessões e isenções financeiras e tributárias para empresas que se dedicam à fabricação e venda de tecnologias de fontes renováveis de energia, levando em consideração a eficiência energética.
Já no ano passado, a Assembleia Legislativa do Amazonas (Alema) aprovou, após solicitação da Sedecti, a Lei Nº 5.420 que estabeleceu o novo marco legal do gás natural no Amazonas o que, além de incentivar seu uso, dá segurança jurídica ao setor, e atrai empresas interessadas em desenvolver essa matriz energética no estado.