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Commodities

Análise do Mercado: milho sob pressão diante das condições climáticas Desafiadoras

Análise do Mercado: milho sob pressão diante das condições climáticas Desafiadoras

Safra Norte-Americana:
O plantio da soja foi tecnicamente concluído na última semana. Apesar da piora nas condições das lavouras, as projeções seguem positivas, com atenções agora direcionadas totalmente para a instalação da cultura.

Relatório USDA:
De acordo com o relatório da última semana, a área plantada de soja veio abaixo do último levantamento, apontando redução das projeções iniciais.

Dólar em Alta:
A alta do dólar deixou a soja brasileira mais atrativa em relação à americana, ao mesmo tempo em que impulsionou as exportações, podendo trazer recordes no mês de junho.

Em Chicago, o contrato de soja para julho de 2024 encerrou a U$11,51 o bushel (-0,78%). No mercado físico brasileiro tivemos movimentos de alta com a forte pressão do dólar, que fechou a R$5,59, alta de 2,76%. O contrato com vencimento em março de 2025 também fechou abaixo e recuou 1,23%, a U$11,24 o bushel.

O que Esperar do Mercado?

Safra Norte-Americana:
O clima segue favorável para as lavouras norte-americanas. Apesar de parecer bom para as lavouras, as condições se deterioraram devido a fortes chuvas em algumas regiões e forte calor em outras. São condições mescladas que atingem a cultura em estágio sensível, na sua fase inicial. Para a próxima semana temos um clima de temperatura mais amena e chuvas mais regulares no cinturão agrícola, o que significa melhora das condições.

Relação de Troca Apertada:
O preço do MAP segue com alta de 30% em relação ao ano passado. Em complemento, os fosfatados possuem espaço para mais altas devido à baixa oferta, resultado de fracas importações no Brasil. Sabendo que os preços da soja para a nova safra estão 15% menores em relação ao ano passado, a margem para relação de troca do produtor está cada vez mais apertada, resultando na baixa comercialização. Esse volume de soja represado – a ser comercializado – pode afetar de forma negativa os prêmios locais até a entrada da nova safra.

Redução da Área Plantada:
O relatório de área plantada (Acreage Report) divulgado pelo USDA na última sexta-feira (28/06/2024) indicou uma redução de 410 mil acres na área destinada à soja, contrariando a expectativa do mercado que projetava um aumento de 653 mil acres em média. Essa redução inesperada abre espaço para maior volatilidade nos preços em Chicago, com tendência de queda. Embora a área ainda seja quase 3 milhões de acres maior do que na safra anterior, uma perspectiva de boas condições climáticas pode amplificar as quedas nos preços futuros. No entanto, devido à expansão da área plantada, não se espera o mesmo potencial para altas. Só veremos aumentos significativos nos preços em Chicago se ocorrerem condições climáticas extremamente desfavoráveis à evolução das lavouras.

Os indicadores corroboram para uma evolução pessimista dos preços, diante dos fatores apresentados, portanto, possivelmente teremos mais uma semana negativa.

Milho – Como o Mercado se Comportou na Última Semana?

Colheita Safrinha 2024:
Segundo a Conab, a colheita do milho safrinha no Brasil alcançou 28% de toda a área plantada, número acima do observado em 2023.

Relatório USDA – Área Plantada:
O novo relatório do USDA apontou aumento de 1 milhão de hectares no comparativo com o relatório anterior. Esse aumento significativo levou o grão a despencar mais de 8% em Chicago na última semana.

Relatório USDA – Estoques:
Os números vieram dentro da faixa esperada, trazendo 125 milhões de toneladas em estoque. Entretanto, esse estoque de passagem era de 104 milhões na safra de 2023. São todos aspectos que fazem pressão de baixa.

As cotações de Chicago finalizaram a semana cotadas a U$3,98 o bushel (-8,51%), para o contrato com vencimento em julho/24. Na B3 o milho recuou 1,30%, valendo R$56,85. No mercado físico o movimento foi misto, com algumas regiões positivas e outras negativas.

O que Esperar do Mercado?

Condições de Lavoura:
Em linha com a soja, as condições das lavouras de milho pioraram devido ao clima “extremo” presente em alguns estados do cinturão. As fortes chuvas, algumas com granizo, e as altas temperaturas, dificultaram a evolução das lavouras em sua fase inicial. A previsão de temperaturas mais amenas e chuvas menos severas é uma boa notícia para o produtor de milho norte-americano, abrindo mais espaço para mais quedas na bolsa de Chicago.

Redução da Área Plantada:
Muito se discutiu no mercado o fato da soja ter ganhado área sobre o milho no início da safra, em março, devido à favorável relação de preços. O que o relatório Acreage Report mostrou foi um ganho de área para a soja mas não tão grande quanto o esperado, com o relatório trazendo uma área de 1,439 milhões de acres maior do que o esperado para o milho em março. Esse aumento de área ameniza as possíveis adversidades climáticas, deixando uma força baixista para o cereal na bolsa de Chicago para as próximas semanas.

Milho Chinês:
Diante das perspectivas de aumento da produção de milho na China, o clima não segue favorável e algumas regiões produtoras enfrentaram fortes chuvas de granizo, devastando assim lavouras em condições iniciais. A questão que se levanta é a de quem irá suprir a demanda do mercado caso aconteça uma quebra da safra norte-americana. Até então, o Brasil se mostrava a origem mais barata, mas com as recentes quedas na bolsa de CBOT, o cereal norte-americano pode se tornar mais atrativo. Para a demanda sazonal de cerca de 25 milhões de toneladas, é provável que a China origine esse volume no Brasil, dando um respiro de preços para o milho brasileiro.

O cenário não está favorável para o milho, que tem lidado com bastante volatilidade diante dos indicadores gerais. Seguindo a mesma tendência, portanto, possivelmente teremos mais uma semana de baixa nas cotações.

Fonte: Análise do Especialista – Grão Direto