O local que no passado abrigava uma pista para pouso e decolagem de pequenos aviões bimotores hoje é território para duas creches de 80 metros de comprimento, que abrigam 2,3 mil leitões. A granja, toda automatizada e com o quarto lote alojado, foi iniciativa da família Lodi, de Linha Felizardo Junior, no interior do município de Anta Gorda (RS).
O condomínio recebeu investimento de R$ 400 mil por parte do produtor Claudiomar Lodi (39). Ele deu continuidade ao trabalho com suínos iniciado pelos pais Eodair (69) e Angela Lodi (67), que começaram criando porcos soltos, depois passaram para o ciclo completo, em seguida para o Programa Parceria Rural até chegar aos dias de hoje. “Começamos com apenas quatro porcas, depois passamos para o Programa Terminação à vista com 220 suínos por lote e hoje nos orgulhamos de tudo o que conquistamos com a atividade”, coloca o patriarca.
A família foi uma das pioneiras a aderir ao Programa Parceria Rural junto à Dália Alimentos e também em Anta Gorda. O antigo galpão, em frente ao novo, ainda está de pé. Ativo por mais de duas décadas, agora contrasta com a nova granja, que chama a atenção pela modernidade e tecnologia empregadas.
As instalações seguem rigorosamente os padrões estipulados pela cooperativa e os leitões recebem assistência técnica da Dália Alimentos, através do técnico Dirceu Sperandio. O condomínio possui azulejo em todas as paredes, comedouros automatizados e bebedouros ecológicos.
Além dos cuidados com a sanidade e a biossegurança, a granja da família Lodi conta com um gerador de energia próprio, adquirido pelo valor de R$ 3 mil, e um lava-jato à gasolina, no valor de R$ 4 mil. “São investimentos necessários para melhorar o nosso trabalho, a limpeza do local e o bem-estar dos animais”, coloca Claudiomar.
O produtor ressalta que a atividade suinícola é rentável e, caso novas vagas forem abertas, pretende aumentar a produção para quatro mil leitões por lote, ampliando a granja com a construção de novas instalações. A propriedade tem 15 hectares e parte da área destina-se à atividade leiteira e à plantação de grãos.
Campo de aviação
Até dez anos atrás, parte da propriedade serviu de aeroporto para aviões bimotores de um empresário local. “Ele usava para ir daqui até o Mato Grosso, onde tinha trabalhos para fazer. Tudo muito tranquilo”, conta Eodair.
Até então, tudo andava normalmente, até que certo dia um avião suspeito pousou na propriedade e o fato ganhou repercussão em toda a mídia do Estado. Segundo Eodair, o episódio estampou noticiário e chamou a atenção da Polícia Federal, que investigou o pouso não autorizado da aeronave desconhecida na propriedade. “Achavam que tinha drogas, mas ninguém sabe até hoje. O caso passou e agora a gente ficou com o avião aqui.” O que permaneceu do episodio foi a carcaça do avião, que ainda encontra-se na propriedade como registro do acontecimento atípico que marcou a família.
Perfil da assistência técnica
O responsável por prestar assistência técnica na região de Anta Gorda é o técnico Dirceu Sperandio. Natural de Concórdia (SC), reside em Anta Gorda há 25 anos com a esposa e professora Marini Sperandio. Formou-se Técnico em Agropecuária em 1985, pela Escola Agrotécnica Federal de Concórdia.
Por cinco anos atuou na Sadia e há 24 está na Dália. Para ele, a assistência técnica é importante pelo fato dos produtores receberem todas as informações através do acompanhamento de um profissional. Segundo Sperandio, realiza três visitas a cada lote e duas reuniões-palestras. “Dessa forma, os produtores ficam atualizados acerca de todas as mudanças tecnológicas que ocorrem nas atividades e também trabalham com aspectos ligados à segurança e confiabilidade.”
A região de Anta Gorda, que compreende seis municípios – Anta Gorda, Arvorezinha, Doutor Ricardo, Ilópolis, Itapuca e Putinga – conta com 86 produtores de suínos, nas modalidades Unidade Produtora de Leitões (UPL’s), creche e terminação.