Redação 03/10/2005 – Alexandre Brito, médico veterinário, mestre
“Estou realmente preocupado com a forma que a imprensa está noticiando casos de gripe aviária em todo o mundo, é mesmo uma doença alarmante, porém uma análise crítica das notícias vinculadas na imprensa deve sempre ser realizada. Não podemos alardear possíveis focos como focos já comprovados, ao exemplo do galo de Marília. Tenho um livro de Patologia Aviária que possui 240 páginas apenas sobre Doenças Respiratórias de Aves, daí presumir que este galo, que morreu de uma doença respiratória aguda, estava contaminado com H5N1 é um exagero demasiado e cai como uma bomba no mercado externo, devido a super-exposição relatada pela mídia leiga. De acordo com o site do Center for Diseases Control na Prevention (CDC – EUA) a forma mais patogênica da influenza aviária (H5N1) não é uma mutação nova, ela foi diagnosticada pela primeira vez na secreção nasal de aves na África do Sul em 1961, mas a infecção de humanos só ocorreu em 1997, matando 18 pessoas das superpopulosas áreas de Hong-Kong, Vietnam, Tailândia e recentemente na China. Na Ásia este vírus está confirmado em várias avícolas, onde se espalhou rapidamente em granjas que não possuíam um caráter tecnificado, ou seja, que deixa a desejar no aspecto sanitário. Na Europa estão confirmados alguns casos em psitacilgos e aves de criação artesanal. O perigo deste agente patológico chegar ao Brasil existem, porém começar a relacionar, desde já, a avicultura nacional a possíveis focos é algo impraticável, devido a característica sanitária da avicultura brasileira. As viroses são um perigo para a população mundial, porém devemos sempre questionar a verdadeira dimensão do que está ocorrendo no Brasil e a repercussão de que algumas notícias podem resultar nas exportações deste setor que movimenta boa parte do mercado brasileiro”.