O presidente da Associação de Criadores de Porco Alentejano (ACPA), Nuno Faustino , afirmou à um jornal português que se o exponencial aumento de javalis em Portugal vier a disseminar a peste suína africana (PSA) será uma catástrofe. “A peste poderá causar impacto na produção do suínos, um setor que exporta mais de 90% do que Portugal produz”.
Faustino explicou que a presença da peste suína africana causaria o fechamento de mercados, por isso o recurso será confinar os animais, embora se saiba que os javalis conseguem ter acesso às matrizes reprodutoras domésticas. Quando isso acontece, as ninhadas são de porcos cruzados, sem valor de mercado.
A certificação nunca será posta em causa, mas a sanidade animal sim. “Quando as matrizes são tocadas pelo javali são imediatamente afastadas e observadas para confirmar se houve ou não contágio” explica Nuno Faustino, admitindo que o contato entre as matrizes reprodutoras e o javali é muito difícil de evitar.
O biólogo e investigador da Universidade de Aveiro, Carlos Fonseca, admite que Portugal poderá vir a ter a peste suína a curto/médio prazo, adiantando que o país está perante um aumento exponencial de javalis em simultâneo com o decréscimo de caçadores.
A zona onde a presença de javalis é mais significativa estende-se desde a região alentejana (Serpa) até ao distrito de Castelo Branco. Por ano, são abatidos legalmente uma média de 30 mil javalis.
Por sua vez, o dirigente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA) João Diniz revela também um acentuado grau de preocupação, uma vez que muitos agricultores estão deixando de produzir não só milho, mas também culturas permanentes como vinhas, olivais, nogueiras, castanheiros.
Diante este cenário, o responsável critica a postura do Ministério da Agricultura, ao pretender lançar para as zonas de caça o ónus do problema, “obrigando-as a pagar os prejuízos causados seja por javalis, veados ou gamos”.
“Esta situação está colocando agricultores contra caçadores nas aldeias” adverte o dirigente da CNA.
Jorge Neves, presidente da Associação de Produtores de Milho e Sobro (Ampromis), também está preocupado. Ao mesmo jornal, adianta não ser ainda possível contabilizar os prejuízos que os javalis já terão causado nas searas de milho.