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Avestruz Master pode falir

<p>Empresa só tem 15 dias, diz advogado</p>

Redação (09/08/06)- A falência da Avestruz Master pode se tornar inevitável nos próximos 15 dias se não houver liberação dos bens bloqueados e seqüestrados pela Justiça Federal. A previsão foi feita pelo advogado da família Maciel, Neilton Cruvinel Filho, considerando o aumento crescente da necessidade de capital de giro em virtude do início da atividade industrial do frigorífico Struthio Gold, em Bela Vista. Ontem, 20 avestruzes foram abatidos na unidade e outros 30 animais devem ser sacrificados hoje. A carne será embalada em pacotes de 250 gramas, que serão comercializados nos Carrefour, Pão de Açúcar e Wal-Mart de Goiânia, Brasília e São Paulo.

A Avestruz Master tem mais de R$ 200 milhões em bens da família Maciel e em nome da empresa inacessíveis como forma de a Justiça garantir indenização dos mais de 55 mil credores da empresa. Ontem, o defensor jurídico do grupo protocolou em juízo o quinto pedido de liberação dos bens com o intuito de vendê-los para fazer o capital de giro da Avestruz Master S.A. O juiz da 11 Vara Federal, Gilton Batista Brito, já negou a solicitação nas outras quatro tentativas. Se o pedido for indeferido de novo, em 15 dias haverá estrangulamento da empresa por falta de caixa, diz Neilton.

Mesmo se a petição for novamente indeferida, o advogado garante que não desistirá. Neilton conta com a concessão da Certidão Negativa de Débito Fiscal (CND) por parte da Fazenda Pública e conseqüente hormologação do resultado da assembléia geral de credores pelo juiz da 11 Vara Cível de Goiânia, Carlos Magno Rocha da Silva, para poder ingressar com mandado de segurança solicitando a quebra do bloqueio mantido pela Justiça Federal.

O bloqueio é injustificável porque ele existe teoricamente para manter o dinheiro dos prórios credores que agora são sócios da empresa. Mais de 55 mil pessoas que votaram pela transformação da Master em Sociedade Anônima (S.A.), argumenta o advogado. Neilton também espera que Carlos Magno se pronuncie hoje sobre a postergação do prazo ou sobre a anulação da necessidade de apresentação da CDN. Se o juiz não se posicionar, o corpo jurídico da Avestruz Master entra no final da tarde com pedido de reconsideração.

Carlos Magno condicionou a homologação da assembléia à apresentação da CND porque a nova Lei de Falências (Lei n 11.101/2005) estabelece obrigatoriedade de entrega do documento para que, uma vez aprovado pela assembléia geral dos credores, o plano de recuperação da empresa seja homologado pelo juiz.

Na alçada criminal do caso Avestruz Master, Gilton retoma às 9 horas de hoje o depoimento das quatro últimas testemunhas de acusação na ação penal que apura irregularidades praticadas pela família Maciel na gestão dos negócios da empresa. As declarações foram interrompidas no dia 8 de abril porque não houve tempo hábil para que o magistrado ouvisse todas as testemunhas arroladas. À tarde o juiz federal começa a ouvir as testemunhas de defesa.

A Avestruz Master fechou contrato de fornecimento de 70 quilos de carne para cada unidade dos grupos Carrefour, Pão de Açúcar e Wal-Mart. De acordo com o advogado, Neilton Cruvinel Filho, as carnes chegarão aos 286 pontos de vendas espalhados pelo País de forma paulatina porque os funcionários ainda estão sendo treinados para intensificar o abate.

Não estamos conseguindo atender nem as encomendas que já temos, garante. O quilo da carne da marca Vivace deve chegar ao consumidor final a preços entre R$ 40 e R$ 45, contra a média de R$ 70 praticada no mercado. A Avestruz Master tem 12 mil animais em ponto de sacrifício e deve adquirir avestruzes de 18 meses de outros criatórios brasileiros a partir do quarto mês de funcionamento da unidade. Segundo Neilton, o plantel da Avestruz Master, hoje estimado em cerca de 40 mil aves, deve aumentar neste semestre porque os animais estão em fase de postura.

Apesar do otimismo do defensor jurídico da empresa, parte das aves podem não chegar à idade de abate. O estoque de ração do plantel das fazendas Master acaba amanhã e a empresa não tem recursos em caixa para a renovação do estoque. A Avestruz Master gasta em média R$ 60 mil com aquisição de alimento suficiente para cinco dias. A falta de ração já resultou em mortandade de mais de 10 mil aves desde o início da crise de quatro de novembro.