A saúde intestinal e imunitária têm um impacto direto na eficiência da produção de frangos de corte. É pelo intestino que são captados os nutrientes utilizados pela ave para o seu pleno desenvolvimento. Exatamente por isto, a relação entre nutrição e saúde intestinal e imunitária ganha cada vez mais espaço nas discussões do setor produtivo. A avicultura mundial vem sendo pressionada por organismos reguladores e consumidores a não adicionar mais antibióticos como aditivos nas rações. Ao longo dos anos, esta prática foi uma importante ferramenta para a manutenção da saúde intestinal em frangos de corte. “Com o uso cada vez mais restrito dos antibióticos, temos de buscar alternativas que garantam a saúde intestinal e o alto desempenho produtivo das aves”, afirma Marcos Barcellos Café, diretor da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (EVZ/UFG). Barcellos Café palestrou nesta manhã (03/04) no Seminário Internacional de Avicultura, dentro da AveSui América Latina 2012.
A manipulação da dieta com foco em se atingir níveis de formulação com o objetivo de maximização da resposta imunitária e de saúde intestinal ainda não tem um efeito prático no dia-a-dia dos nutricionistas. Para Barcellos Café, esta é uma realidade que tende a mudar. Os resultados de recentes pesquisas têm demonstrado um potencial de se manipular nutrientes da dieta para modular a resposta imune e melhorar o microambiente intestinal, cujo objetivo é permitir que os frangos de corte possam se adaptar às diferentes condições de produção. “Ao falarmos de saúde intestinal, fatores como a escolha dos ingredientes, armazenagem, formulação, tipo de ração, opção de aditivos, conservação da ração, manejo inicial e ambiental e qualidade da água devem ser plenamente levados em conta”, indica o diretor da EVZ/UFG.
Segundo Barcellos Café, uma das pesquisas que tem ganhado grande espaço na área nutricional avícola é o da alimentação in ovo. Com o advento dos equipamentos para vacinação in ovo nos incubatórios, estudos internacionais têm vislumbrado a possibilidade de injetar suplementos alimentares diretamente no embrião. Eles ajudariam não só no desenvolvimento embrionário, mas também na saúde dos pintinhos, os quais estariam melhor preparados para enfrentar os desafios pós-nascimento. “É uma tecnologia que está se desenvolvendo muito; por enquanto é apenas experimental, mas é uma tendência mundial”, ressalta Barcellos Café. “Eu acredito que ela trará excelentes benefícios e resultados no futuro”, complementa.
Nutrição pós-eclosão – Outra tendência dentro do setor produtivo é a adoção da chamada nutrição pós-eclosão. Ou seja, quanto mais rápido o pintinho tiver acesso à ração e água, melhor será a sua saúde intestinal e, por consequência, o seu desempenho zootécnico. “Hoje as empresas estão se adequando a este conceito, visando diminuir ao máximo o tempo entre o nascimento e o alojamento, preparando mais adequadamente esta ave para a produção”, explica o diretor da EVZ/UFG. Anteriormente, a orientação era de se esperar o pintinho descansar antes de se oferecer o primeiro alimento. Isto podia chegar até a alguns dias. Claro, do incubatório até o alojamento pode se levar algumas horas; mas quanto menor o intervalo de tempo melhor para o desempenho do futuro frango.
Barcellos Café também ressalta o grande número de pesquisas com plantas visando a identificação de princípios ativos que possam ser incorporados à nutrição animal. Os trabalhos com extratos vegetais estão sendo desenvolvidos no mundo todo, sendo uma área que deve crescer muito nos próximos anos. “O mundo inteiro está pesquisando todos os tipos de plantas buscando encontrar nelas substâncias ou elementos que possam desempenhar um papel importante tanto na saúde intestinal quanto na saúde imunitária”, conclui.