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Bolívia

Avicultores da Bolívia pedem ao Governo que importe milho para garantir o abastecimento de carne de frango

A liderança dos produtores afirmou que a Emapa raciona a entrega deste produto estratégico para a avicultura

Avicultores da Bolívia pedem ao Governo que importe milho para garantir o abastecimento de carne de frango

O setor avícola de Santa Cruz pediu ao governo nacional a importação de milho para garantir a produção de carne de frango e ovos, dada a escassez do insumo no mercado nacional e o racionamento do produto pela Empresa de Apoio à Produção de Alimentos (Emap).

“A situação é extremamente urgente, porque não temos milho (suficiente) desde a segunda quinzena de dezembro. Estamos pagando por milho caro há quase três meses. Os custos aumentaram e neste momento a indústria avícola nacional está perdendo cerca de Bs 60 milhões por mês no setor de engorda e cerca de Bs 11 milhões no setor de ovos ”, disse Omar Castro, presidente da Associação de Avicultores, à Rádio EL DEBER. (ADA) de Santa Cruz.

“Estamos numa situação alarmante, que vemos não melhorar daqui para a frente se o Governo não tomar também a medida extrema de importar milho (…), como fizeram há cinco anos, quando um quintal de grão atingiu Bs 120”, acrescentou.

O setor, indicou, não pode importar sozinho, porque não tem infraestrutura de armazenamento em massa e porque foi descapitalizado pela pandemia e pelo aumento dos preços dos insumos. Apesar dessas condições, se a escassez do mercado persistir, tomará providências para obter crédito e comprar o insumo no exterior.

O dirigente explicou que o aumento do custo do milho e do sorgo se deve à escassez causada pelas condições climáticas adversas no inverno, quando houve uma estiagem prolongada e geadas que deixaram perdas consideráveis.

No ano passado, o preço do quintal estava em Bs 65, mas esse valor chegou a Bs 95 até algumas semanas atrás, quando entrou “algum” do grão da última colheita iniciada neste mês, o que baixou o preço para cerca de Bs 80 .

Castro explicou que a oferta de milho cai em dezembro, janeiro e fevereiro, meses em que a Emapa deve completar a demanda com o grão armazenado.

No entanto, a estatal não teria um “estoque mínimo” para cumprir esse propósito. “A Emapa não está cumprindo” o fornecimento de grãos. “Embora antes cumprisse em quantidade, mas não em tempo; hoje não atende nem em quantidade nem em tempo”, disse Castro.

“A situação é tal que tiveram de racionalizar as entregas e hoje cada produtor está a receber no máximo 30 toneladas por mês, quantidade que só dá para 15 mil frangos”, explicou Castro, que considerou que com esses volumes só abastece um máximo de 40% da exigência nacional do setor avícola.

Se esta situação se mantiver, indicou, os mais afectados serão os pequenos avicultores, que “não têm apoio financeiro para resistir” ao aumento dos preços do milho, a oferta de aves será reduzida e os preços da carne de frango aumentarão.

“O problema é que nós, avicultores, não temos acesso ao grão desta última safra, porque a Emapa – em seu desespero para encher seus silos – está comprando todo o grão que está saindo para o mercado e está deixando os outros mercados onde nos voltamos sem suprimentos”, afirmou.

Soma-se a essa situação o fato de os produtores de milho anteciparem que a oferta será reduzida entre 25 e 35% devido aos efeitos climáticos.

A ADA recebeu relatórios sobre o fechamento de granjas de pintinhos, principalmente em Cochabamba, e a suspensão da criação de novos animais “até que haja certeza de que haverá grãos suficientes”.

Em 10 de março, o ministro do Desenvolvimento Produtivo e Economia Plural, Néstor Huanca, informou que em 2021 a produção nacional de milho atingiu 1,1 milhão de toneladas (t) e que foram exportadas 56.000 t, volume que representa um aumento substancial, levando em consideração que em anos anteriores apenas foram exportadas entre 2.000 e 3.000 toneladas de milho amarelo.

A autoridade indicou que até 2022 está prevista a produção de 1,07 milhão de toneladas de milho.

“Essa medida nos permite, como governo nacional, garantir o fornecimento desse produto a esses setores a um preço justo, manter a estabilidade de preços no mercado interno de frango, suíno, leite, ovos, entre outros (…). A Emapa está a vender Bs 59 por quintal de milho ao sector pecuário. Portanto, esse abastecimento está garantido”, disse.

Castro também pediu “dar luz verde ao uso da biotecnologia”, que triplicará a produção de milho e garantirá a produção e o abastecimento de carne bovina, suína e de frango.