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Produção

Avicultores descartam aves para reduzir custos em granjas

Período de quaresma deve voltar a aquecer o setor, que enfrentou dificuldades na pandemia

200 ovos por segundo, 23 milhões por dia. No município de Bastos (SP) é assim: a produção não para. No Brasil, 20% dos ovos consumidos saem das granjas do município. São cerca de 35 milhões de galinhas poedeiras.

Sérgio Kakimoto cria mais de 800 mil galinhas. Pouco antes do início da quaresma, ele teve que diminuir o ritmo da produção de ovos para evitar prejuízos. A produção, que girava em torno de 1.600 caixas por dia, foi reduzida para mil caixas.

Ele conta que os produtores apostavam em um aumento do consumo de ovos durante a pandemia e, por isso, investiram na produção. Com bastante oferta de ovos e queda no consumo, o preço caiu. Para piorar a situação, o valor da soja e do milho, fundamentais na alimentação das galinhas, disparou no mercado.

Para reduzir os custos de manutenção, na granja de Sérgio, 150 mil aves foram descartadas. A situação se repetiu na granja de Rômulo Tinoco, que fica em Guarantã (SP). Com um plantel de 500 mil aves, ele teve que descartar 100 mil. Outras 50 mil podem ter o mesmo destino.

Ele conta que tentou alternativas para alimentação das aves, como milheto e sorgo, mas essas matérias-primas também subiram muito.

O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, Ricardo Santin, explica que o custo de produção impacta muito, especialmente, ao pequeno produtor, que está enfrentando um custo maior do que aquele que ele consegue obter com a venda dos seus produtos.

Com menos galinhas se alimentando, o produtor consegue segurar por mais tempo o estoque da ração, diminuindo os custos com a compra dos insumos.

Adotando essa estratégia, os produtores também reduziram a quantidade de ovos no mercado e, dessa forma, forçaram o reajuste de preço.

A medida vem dando certo. Durante a quaresma, o consumo de ovos voltou a subir e o preço do produto bateu recorde. No começo de março, a caixa do ovo branco foi comercializada a R$ 131,12. A do vermelho R$ 154,66. 16% a mais que no mês anterior. Foi o maior valor da série histórica do Cepea, que começou em 2013.