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Entrevista

Avicultura Industrial Entrevista: Ricardo Santin, presidente da ABPA, fala de suas expectativas ao ano de 2024

ABPA
© Mario castello
ABPA © Mario castello

Apesar dos desafios previstos, 2024 promete ser um ano positivo para a avicultura industrial, que se apoiará na abertura de novos mercados, na blindagem sanitária e na promoção da proteína brasileira

Por Camila Santos

Em uma entrevista exclusiva para a Avicultura Industrial, Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), compartilha as principais expectativas da ABPA para o setor de proteína animal em 2024, especialmente no que diz respeito ao setor avícola. Santin destaca que a associação  projeta avanços para a avicultura nacional, com perspectivas de alta nas exportações impulsionadas por recentes aberturas de mercados, novas cotas com países como México, Reino Unido e Singapura, ampliação de habilitações e outros fatores que deverão ter impacto positivo nos números do ano. A produção seguirá essa tendência, em compasso com as demandas interna e internacional.

Ao ser questionado sobre as estratégias da ABPA para fortalecer a posição do Brasil como um dos principais players globais na produção de carne de aves, Santin destaca o plano de fortalecimento das exportações por meio do apoio à construção de acordos, habilitação de novas plantas, abertura de mercados e fortalecimento da imagem do setor. Ele ressalta a importância das missões internacionais realizadas junto aos mercados importadores e das ações estruturadas e estratégicas de imagem e promoção de negócios via Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), com projetos setoriais como Brazilian Chicken, Brazilian Egg, Brazilian Pork, Brazilian Breeders e Brazilian Duck.

Santin também aborda os desafios específicos que a avicultura  comercial pode enfrentar em 2024, como questões sanitárias, demanda global e variações nos preços das commodities. Ele destaca o trabalho associativo estruturado da ABPA por meio de suas câmaras setoriais, grupos de trabalho e ações diretas junto às autoridades governamentais, visando otimizar esforços e ampliar os resultados. 

Além disso, o presidente da ABPA compartilha sua visão sobre assumir a presidência do International Poultry Council (IPC), sendo o primeiro brasileiro a ocupar esse cargo. Ele destaca a honra e a responsabilidade de assumir esse posto na entidade mundial da avicultura, enfatizando que trabalhará com uma visão globalista alinhada  com os propósitos que alcancem todas as nações produtoras avícolas.

Confira.

Quais são as principais expectativas da ABPA para o setor de proteína animal em 2024, especialmente no que diz respeito à avicultura?

Ricardo Santin – Neste ano, a ABPA projeta avanços para a avicultura nacional.  As perspectivas do setor são de alta nas exportações, impulsionada por recentes aberturas, novas cotas com mercados como México, Reino Unido e Singapura, ampliação de habilitações além de  outros fatores que  deverão ter impacto positivo nos números do ano.  A produção deve seguir esta toada, em compasso com as demandas interna e internacional. 

Quais são as estratégias da ABPA para fortalecer a posição do Brasil como um dos principais players globais na produção de carne de aves?

Ricardo Santin – A ABPA seguirá em um plano de fortalecimento das exportações por meio do apoio à construção de acordos, habilitação de novas plantas, abertura de mercados e fortalecimento da imagem do setor.  Isto se dá por meio das dezenas de missões internacionais que realizamos junto aos mercados importadores, e também via ações estruturadas e estratégicas de imagem e promoção de negócios via ApexBrasil, com nossos projetos setoriais Brazilian Chicken, Brazilian Egg, Brazilian Pork, Brazilian Breeders e Brazilian Duck. São ações que envolvem promoção, publicidade e participação em grandes eventos internacionais, como a Gulfood (UAE), SIAL (França e China), CIIE (China), entre outros. 

Como a ABPA pretende lidar com os desafios específicos que o setor avícola pode enfrentar em 2024, como questões sanitárias, demanda global e variações nos preços das commodities?

Ricardo Santin – A ABPA realiza um trabalho associativo estruturado por meio de suas câmaras setoriais, em grupos de trabalho e, especialmente, por meio de fóruns e ações diretas junto às autoridades dos diversos níveis do Governo.  Neste sentido, a ABPA estrutura seus planos de ação segundo as diretrizes de seus associados e em linha com os entes governamentais, com o objetivo de otimizar esforços e ampliar os resultados. 

Foi assim que conseguimos atuar de forma estratégica e assertiva no enfrentamento aos efeitos dos primeiros focos de Influenza Aviária em nosso país e, nesta mesma linha, focamos na prevenção a outras enfermidades, como a Peste Suína Africana (sem registros no Brasil há 40 anos) e a Peste Suína Clássica (em conjunto com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) e organizações dos Estados).  De ações de contingenciamento e prevenção a campanhas de esclarecimento, tudo seguiu desta forma.  E, é nesta linha que deveremos continuar..

Da mesma forma é o âmbito da abertura de mercados e na composição de novas oportunidades para o país.  Missões foram viabilizadas tanto para a busca pela abertura de mercados, ampliação das listas de habilitadas e, também, para a resolução de questões com impactos diretos  no setor. 

E, todas estas ações estão inseridas dentro de um leque que contempla, também, a busca pela sustentabilidade dos custos de produção.  É nesta linha que temos avançado na construção de soluções que permitam  previsibilidade a quem demanda insumos, como é o caso do  pleito em negociação junto ao Governo Federal, com um sistema de informação antecipada sobre exportações de insumos realizadas pelo Brasil, nos moldes do que já é executado pelos Estados Unidos. 

Como o senhor se sente sendo o primeiro brasileiro a assumir a presidência do International Poultry Council (IPC), uma entidade tão importante para a avicultura mundial?

Ricardo Santin – É uma enorme honra e uma grande responsabilidade assumir este posto na entidade mundial da avicultura.  Sou brasileiro e associado ao IPC como presidente da ABPA. Porém, trabalharei, juntamente com a diretoria eleita, com uma visão globalista, alinhada  com os propósitos que alcancem todas as nações produtoras avícolas.  É neste sentido que temos estruturado um aprofundamento nos debates em torno da Influenza Aviária, da Resistência Antimicrobiana e de tantos outros temas que são de interesse mútuo, dos pequenos produtores às cadeias exportadoras globais. 

Quais são os principais desafios que o senhor  identifica para a avicultura global neste momento, e como pretende abordá-los durante sua gestão no IPC?

Ricardo Santin – Entendo que Influenza Aviária e seus diversos impactos são a grande pauta dos setores neste momento.  É o tema emergencial, que engloba questões sanitárias, mercadológicas e outros pontos.  A sustentabilidade, que há anos é um tema da mais alta relevância para grandes cadeias produtoras e exportadoras, tem ganhado mais relevância, também para produtores locais de menor expressividade quantitativa.  É nesta linha que a “saúde única” estará constantemente em nossa pauta de trabalho, por meio do programa global (que denominamos como Transform, assim como temos a Aliança para o Uso Responsável de Antimicrobianos) voltados para a conscientização da Resistência Antimicrobiana e do reforço da posição do IPC sobre o uso racional destes insumos em todas as nações produtoras.

Como a sua experiência anterior na Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) pode contribuir para a sua atuação como presidente do IPC?

Ricardo Santin – O Brasil é uma nação avícola global, com presença em mais de 150 mercados pelo mundo.  A ABPA é uma das grandes forças associativas mundiais na cadeia de proteína animal.  Há anos desenvolvemos e apoiamos o fomento avícola em nosso país e em outras nações, com o objetivo de ampliar a força da avicultura produtora de alimentos e de produtos de alto valor agregado.  Com base nisso, aliado ao fato de minha experiência como vice-presidente do IPC por 8 anos, tenho certeza de que conseguiremos contribuir ainda mais para o fortalecimento do conselho mundial do setor. 

O senhor mencionou a importância de construir soluções que alcancem todos os elos da cadeia produtiva. Quais são as suas estratégias para promover essa integração e abordar questões intrassetoriais?

Ricardo Santin – O modelo que construímos no Brasil é uma ótima referência de trabalho, que também é aplicada em outros diversos grandes produtores, como os Estados Unidos.  O IPC já tem, naturalmente, este perfil.  Seu corpo de associados é integrado, também, por entidades que integram todos os elos, além de diversas empresas fornecedoras das áreas farmacêuticas, genética e outros.  A agenda de trabalho do IPC, portanto, já conta com esta integração, que obviamente será ainda mais estimulada ao longo destes dois anos de meu mandato. 

Considerando a produção global de carne de aves e as exportações avícolas, como o senhor avalia  o papel da avicultura na segurança alimentar global e na economia mundial?

Ricardo Santin – A avicultura, juntamente com a suinocultura, são cadeias fundamentais para a segurança alimentar global. São, de longe, as proteínas mais consumidas e democráticas.  No caso da avicultura, há um fator a mais: é uma carne sem qualquer restrição religiosa.  Em meio a anúncios  de novas tecnologias voltadas para ultraprocessados sintéticos ou mesmo veganos, a carne de frango segue em plena expansão, respeitando em absoluto as preferências e a decisão do consumidor.  São características de um setor que sabe seu papel e se compromete com os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), em especial, o ODS 01: Fome Zero.

Quais serão os focos de atuação do IPC durante sua gestão em termos de questões sanitárias globais, especialmente relacionadas à Influenza Aviária?

Ricardo Santin – Com relação à Influenza Aviária, focaremos na ampliação dos debates em torno da manutenção do livre comércio da genética global com base em compartimentos, independentemente de casos no país ou vacinação, para evitar rupturas na cadeia de produção global; na difusão de campanhas institucionais sobre a enfermidade; e os cuidados e na ampliação das ações educativas cujo propósito é aumentar o conhecimento e a tomada de ações sobre a biosseguridade dos plantéis.