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Bancos privados devem ampliar oferta de crédito rural nesta safra

<p>Após dois anos de relações conturbadas devido ao aumento da inadimplência causada pela crise no setor agrícola, os bancos privados demonstram interesse em ''fazer as pazes'' com agricultores no ciclo 2007/08.</p>

Redação (10/08/07) – As perspectivas de uma produção de grãos maior, o aumento da rentabilidade com a elevação nos preços internacionais das commodities e a elevação dos recursos para crédito rural estimulam os agentes financeiros às negociações. Do lado da demanda, a queda da taxa de juros e a conclusão da renegociação de dívidas estimulam os agricultores a voltarem às agências. 

Conforme dirigentes de bancos ouvidos pelo Valor, além do cenário favorável para o agronegócio, mudanças no setor financeiro estimulam as negociações com crédito rural, como a redução da taxa Selic e nas taxas dos programas a juros controlados – de 8,75% para 6,75% ao ano no caso dos programas de custeio e comercialização; de 8% para 6,25% ao ano para recursos do Proger Rural e redução de 1,25 ponto percentual nos juros do Moderfrota, para 7,5% e 9,5% ao ano, conforme o nível de renda dos produtores. 

"A redução da taxa Selic permite aos bancos criar novas linhas a juros livres, mas mais baixos, o que também tem atraído aos produtores", diz Walmir Segatto, superintendente comercial de agronegócios do Santander Banespa. Já o Banco do Brasil, que se concentra em operações de custeio e opera mais no Centro-Oeste que os demais bancos, a demanda por parte dos produtores ainda não apresentou grandes alterações, segundo fontes ligadas ao banco. 

Outro ponto destacado pelos bancos é o aumento de recursos disponíveis em função do aumento dos depósitos à vista e das captações da poupança. Os bancos federais são obrigados a aplicar 65% das captações em poupança em crédito rural, e neste ano, houve aumento recorde nas aplicações em poupança, o que fatalmente eleva o crédito disponível. Segundo a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), também cresceu o volume de depósitos à vista. Até abril, o volume de exigibilidades atingia R$ 18,145 bilhões; em junho de 2006, esses recursos somavam R$ 13,57 bilhões. Os bancos devem ainda aplicar os recursos de exigibilidades que não foram utilizados nas duas safras anteriores. Na safra 06/07 sobraram R$ 5,4 bilhões e na anterior, R$ 2 bilhões. 

Entre os bancos privados, o clima é de otimismo. "As duas safras anteriores foram afetadas por clima e câmbio. Esses dois fatores apresentam agora um cenário positivo e isso tem levado mais produtores a buscar financiamento", afirma Osmar Roncolato Pinho, superintendente executivo de empréstimos e financiamentos do Bradesco. Conforme o executivo, o volume de pedidos de crédito rural junto ao banco aumentou 50% no primeiro semestre e a perspectiva é manter esse ritmo no segundo semestre. Na safra 2006/07, o Bradesco operou R$ 3,2 bilhões. O banco ainda não definiu o volume a ser operado nesta safra. 

Segatto, Santander Banespa, confirma aumento da procura por crédito, principalmente pelos setores de cana-de-açúcar, citros e café – que já estavam em expansão desde 2006 – e pelo setor de grãos, sobretudo no Sudeste e no Sul. "A demanda está aquecida, mas ainda é cedo para precisar em quanto poderá aumentar", afirma. Na safra passada, o banco operou R$ 1 bilhão, mas não tem montante fixado para o ciclo 2007/08. 

A Nossa Caixa, que na safra passada operou R$ 325 milhões em crédito rural, encerrou o primeiro semestre com um aumento de 120% nas contratações – o que correspondeu a R$ 178 milhões. Para Gilberto Fioravanti, gerente do departamento rural do banco, esse aumento sinaliza o interesse de produtores em investir na safra nova, tendo em vista que boa parte dos recursos foi destinado à compra de insumos. "Na safra 2007/08 o banco vai dobrar a disponibilidade de créditos, para R$ 650 milhões", afirma Fioravanti. 

O Banco do Brasil, principal agente a operar recursos do crédito rural, também prevê aumentar o volume destinado ao setor agrícola, de aproximadamente R$ 33,9 bilhões na safra passada para R$ 40 bilhões no ciclo 2007/08. O banco divulgará na próxima semana o balanço dos desembolsos efetivados no ciclo passado e as perspectivas para a safra nova.